03/Apr/2024
Os norte-americanos estão de mau humor em relação à economia por um grande motivo: os preços parecem muito altos. Considere uma garrafa de dois litros de refrigerante: em fevereiro de 2021, antes que a inflação começasse a aumentar, custava em média US$ 1,67 (por volta de R$ 8,45) nos supermercados de todo o país. Três anos depois essa garrafa está sendo vendida por US$ 2,25 (R$ 11,38), um aumento de 35%. Ou os preços dos ovos. Eles dispararam em 2022 e depois caíram novamente. No entanto, ainda estão 43% mais altos do que estavam há três anos. Da mesma forma, o preço médio de um carro usado: disparou de cerca de US$ 23 mil (R$ 116 mi) em fevereiro de 2021 para US$ 31 mil (R$ 156,6 mil) em abril de 2022. No mês passado, a média estava em US$ 26,8 mil (R$ 135,4 mil).
Mas isso ainda representa um aumento de 16% desde fevereiro de 2021. Na semana passada, o governo disse que um índice de preços-chave subiu 0,3% em fevereiro, abaixo do aumento de 0,4% em janeiro. E em comparação com o ano anterior, os preços subiram 2,5%, muito abaixo do pico de 7,1% no meio de 2022. Mas essas melhorias incrementais dificilmente são suficientes para agradar ao público, cujo descontentamento com os preços representa um risco para a campanha de reeleição do presidente Joe Biden. “A maioria dos americanos não está apenas procurando desinflação”, disse Lisa Cook, membro do Conselho de Governadores do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), no ano passado.
“Eles estão procurando deflação. Eles querem que esses preços voltem ao que eram antes da pandemia.” Muitos economistas, porém, advertem que os consumidores devem ter cuidado com o que desejam. A queda dos preços em toda a economia, na verdade, não seria um sinal saudável. Deflação é uma queda generalizada e sustentada nos preços em toda a economia. Quedas esporádicas mês a mês nos preços ao consumidor não contam. Os Estados Unidos não veem uma deflação genuína desde a Grande Depressão dos anos 1930. O Japão experimentou um episódio de deflação muito mais recente. Está apenas agora emergindo de décadas de preços em queda que começaram com o colapso de seus mercados imobiliário e financeiro no início dos anos 1990.
Segundo o Banco de España, embora preços mais baixos possam parecer uma coisa boa, a deflação pode, na verdade, ser altamente prejudicial para a economia. A realidade é que a saúde da economia depende de compras constantes pelos consumidores. Nos Estados Unidos, os gastos das famílias representam cerca de 70% de toda a economia. Se os consumidores recuassem, em massa, para esperar preços mais baixos, as empresas enfrentariam uma pressão intensa para reduzir os preços ainda mais para tentar impulsionar as vendas. Enquanto isso, os empregadores poderiam ter de demitir funcionários ou reduzir salários; ou ambos.
Desempregados, é claro, são ainda menos propensos a gastar, então os preços provavelmente continuariam a cair. Tudo isso corre o risco de desencadear uma “espiral deflacionária” de cortes de preços, demissões, mais cortes de preços, mais demissões. Uma nova recessão poderia seguir. Foi para evitar esse tipo de problema econômico que o Banco do Japão recorreu a taxas de juros negativas em 2016 e que o Fed manteve as taxas nos Estados Unidos perto de zero por sete anos consecutivos durante e após a Grande Recessão de 2007-2009. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.