10/Apr/2024
Grandes nomes do mundo corporativo como Pedro Wongtschowski, Candido Bracher, Denis Minev, Pedro Bueno e Guilherme Leal estão envolvidos em uma iniciativa para alavancar o desenvolvimento de ciência e tecnologia voltada para a bioeconomia na Amazônia, em um projeto liderado pelos institutos Arapyaú e Agni. A leitura dos empresários e executivos é de que não haverá desenvolvimento econômico sustentável na região sem pesquisa e inovação. Batizada de Estratégia para Fortalecer Ciência, Tecnologia e Inovação em Bioeconomia na Amazônia, a iniciativa está em andamento desde o ano passado, quando mais de 70 entrevistas foram realizadas com pesquisadores que vivem na região para se ter um diagnóstico da situação. A conclusão dessa parte inicial do projeto é que os elos estão desconectados. É preciso reforçar pontes. Há diversas agências de fomento atuando na região, mas muitas não se relacionam com as comunidades locais.
Segundo o Instituto Arapyaú (instituição filantrópica criada por Guilherme Leal, cofundador da Natura), é preciso conectar o conhecimento. Muitas pesquisas desenvolvidas na região não refletem a realidade da Amazônia e, portanto, não podem ser usadas como soluções por empresas e empreendedores que trabalham com bioeconomia. A ideia de criar o projeto surgiu em 2022, em uma conversa entre Leal e Pedro Bueno (CEO do grupo de saúde Dasa), que viram a necessidade de o setor privado apoiar a ciência e a tecnologia aplicada à bioeconomia. No ano seguinte, profissionais dos institutos filantrópicos dos empresários (o Agni é uma iniciativa de Pedro Bueno) se reuniram de duas a três vezes por semana para colocar o programa em pé. Além das 70 entrevistas realizadas com pesquisadores, duas viagens à Amazônia foram feitas para mapear os gargalos do desenvolvimento tecnológico na região. Referência na área de inovação, o ex-presidente do conselho de administração do Grupo Ultra, Pedro Wongtschowski, faz parte de um grupo consultivo criado para orientar as atividades da iniciativa.
O executivo afirma que, hoje, a maioria das instituições públicas de ciência e tecnologia da Amazônia Legal não tem condições ideais de funcionamento. Ele destaca o caso do herbário do Instituto Nacional de Pesquisas Amazônicas (Inpa), que abriga uma das maiores coleções de plantas da Amazônia, mas conta com uma estrutura antiga. Por exemplo, o ar-condicionado é desligado à noite pois há receio de que aconteça um curto-circuito que provoque um incêndio. Mas, sem ar, fungos podem destruir o acervo. Pedro Wongtschowski, entre outras funções, é presidente do conselho superior de inovação e competitividade da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e membro do conselho superior da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Segundo o executivo, outro entrave para o avanço da pesquisa e inovação na região é a retenção de pesquisadores. Jovens promissores têm ido embora. É preciso criar um ecossistema de inovação para as pessoas ficarem na região.
O membro do conselho de administração do Itaú e CEO do banco entre 2017 e 2021, Candido Bracher, também faz parte do grupo consultivo. Para ele, o desenvolvimento de pesquisa e inovação na bioeconomia da Amazônia deve resultar em empregos e maior atividade econômica. Não se sustenta baixos níveis de desmatamento apoiado exclusivamente na aplicação da legislação ambiental. Esse desenvolvimento de ciência na Amazônia é um esforço para criar riqueza econômica na região, de modo a tornar sustentável a proteção da floresta. O presidente da Lojas Bemol (rede de varejo com atuação na Região Norte do País), Denis Minev, também faz parte do grupo consultivo do programa. Segundo ele, seria um “crime” transformar a região amazônica em um “armazém de carbono”, mesmo porque essa alternativa não interessa à população local. Para ter algo que atraia todos, a ciência e a tecnologia têm de estar no cerne. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.