23/Apr/2024
Segundo a Fitch Ratings, uma queda moderada esperada nos preços de milho, soja e trigo em 2024 deve reduzir os custos para processadores brasileiros. A extensão do recuo pode variar. A queda das commodities agrícolas será neutra para a classificação de crédito das processadoras, mas pode melhorar as métricas de crédito neste ano, quando combinada com outros fatores. Os produtores de etanol de milho, aves, suínos e fabricantes de massas e biscoitos devem observar melhorias moderadas nas margens do Ebitda, a redução das necessidades de capital de giro e potencialmente menor alavancagem. Para traders de commodities e cooperativas, a expectativa é de uma melhoria na liquidez, apesar do aumento nas taxas de inadimplência e renegociações de contratos devido a condições de mercado mais desafiadoras para os agricultores.
A Fitch espera uma melhoria contínua na lucratividade dos produtores de aves e suínos. A BRF e a Seara (marca da JBS) devem se beneficiar de alimentos mais baratos, especialmente no primeiro semestre de 2024. A redução nos custos deve contribuir para aumentar as margens e fortalecer a geração de fluxo de caixa operacional. Além disso, a M. Dias Branco S.A. Indústria e Comércio de Alimentos, a J. Macedo S.A. e a Pastifício Selmi S.A., que operam nos segmentos de farinha de trigo, massas e biscoitos, devem apresentar margens de Ebitda mais altas do que no ano passado, já que o trigo representa de 40% a 60% de seus custos. Espera-se uma redução nas necessidades de capital de giro devido à redução nos preços do trigo. A alavancagem deve seguir caindo e permanecer baixa em comparação com empresas de outros setores agrícolas.
Para a André Maggi Participações S.A e a Lar Cooperativa Agroindustrial, a Fitch afirmou que não espera melhorias nas margens de Ebitda, já que o preço de origem segue o preço de negociação com compradores e os preços futuros de mercado. A liquidez deve se beneficiar de menores necessidades de capital de giro devido aos preços mais baixos das commodities. Atrasos e aumento nas taxas de inadimplência dos agricultores devem ser monitorados, dada a combinação de preços mais baixos e falhas de colheita em algumas regiões do Brasil, em consequência do El Niño na temporada 2023/2024. Sobre o etanol de milho, a redução esperada nos preços do milho deve trazer algum alívio para produtores como a FS Indústria de Combustíveis, com margens fortemente afetadas pelos fracos preços dos combustíveis.
A expectativa é de recuperação das margens de Ebitda para 26% no ano fiscal que termina em março de 2025, após uma forte queda para 13% esperada para o ano fiscal encerrado em março deste ano, principalmente devido a uma redução de 21% nos preços do etanol. A melhoria projetada é baseada na expectativa de uma redução de 25% nos custos de milho em comparação com o período anterior, compensada por uma queda de 2% nos preços do etanol. Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq) indicam que o preço do milho atingir R$ 60,00 por saca de 60 Kg em 2023, 25% menos que em 2022. A agência de rating projeta uma queda de 5% em 2024 ante o ano passado. Enquanto isso, a soja custava R$ 150,70 por saca de 60 Kg no fim de 2023, 20% abaixo do fim de 2022. A Fitch espera uma redução de 6% durante 2024. O trigo, cujo preço caiu 26,6% no ano passado, atingindo R$ 1.338,20 por tonelada, deve ser 5% mais barato em 2024. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.