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29/Apr/2024

China: melhora na perspectiva econômica em 2024

A alta anual de 0,1% do CPI de março na China aumentou os temores de investidores internacionais de que o país continue a enfrentar pressões deflacionárias neste ano, repetindo o cenário de 2023, quando o índice de preços ao consumidor subiu 0,2%. Economistas, no entanto, acreditam numa melhor perspectiva de crescimento da China nos próximos trimestres e estimam que o CPI terá uma alta próxima de 0,7% neste ano. Segundo o banco ANZ, a economia da China corre em duas velocidades. De um lado, o consumo dos cidadãos está acelerando, especialmente para a aquisição de produtos de baixo custo. Por outro lado, a demanda no setor de imóveis continua fraca em meio ao processo de reestruturação do setor. Nos últimos dois meses, o consumo dos cidadãos está maior em termos nacionais.

O CPI deverá subir 0,7% neste ano, enquanto o seu núcleo deverá ter uma alta ao redor de 1%. Segundo o banco HSBC, o setor de serviços deve ajudar muito a elevar a inflação neste ano na China e o CPI deve crescer 0,7%. Há uma tendência de aumento de viagens e turismo, o que deve provocar alta dos preços dos serviços e levará a inflação a uma alta mais firme em 2024. Maiores custos de alimentos também ajudarão a afastar a deflação do país medida pelo CPI neste ano. Espera-se, principalmente, a elevação dos preços da carne de porco, que caíram 13,4% em 2023 devido a uma super oferta desta proteína em nível nacional. Para o banco Natixis, as autoridades do governo da China não querem que o país ingresse na armadilha da deflação por duas razões.

Uma delas é que a retração dos preços pode levar os cidadãos a adiarem o consumo de forma crônica e tornar a deflação enraizada no país, fenômeno que ocorreu no Japão por quase três décadas. Elas também não permitirão que a deflação eleve muito a dívida pública, que já está em 100% do produto interno bruto. Isso poderia gerar o risco de rebaixamento da nota soberana por agências de rating. O denominador da relação dívida/PIB é o PIB nominal e quando ele baixa provoca o aumento da proporção do passivo mobiliário em comparação ao produto interno bruto. As pressões desinflacionárias, entretanto, devem continuar ocorrendo, vindas dos setores de construção civil e de imóveis, responsáveis por cerca de 25% da economia do país. A fraca demanda para a compra de casas e apartamentos é um dos maiores responsáveis pela deflação do índice de preços ao produtor (PPI), que caiu 3,0% em 2023 e deve continuar negativo neste ano, entre -0,5% e -1,5%.

Segundo o banco BNP Paribas, três elementos explicam a baixa inflação recente na China, como ocorreu em março: o repasse da elevada deflação do PPI para toda a economia, o que reduz o índice de preços ao consumidor; folgas no mercado de trabalho, que diminuem os salários e aluguéis; e o controle de diversos preços pelo governo, como a tarifa de eletricidade das residências que não sobe desde 2017. Segundo a Moody 's Analytics, o avanço da demanda agregada no país no primeiro trimestre, que levou o PIB a uma alta de 5,3% de janeiro a março em termos anuais, ocorreu em grande medida devido aos estímulos do governo à produção industrial e exportação de manufaturados, como carros elétricos. Contudo, a sobrecapacidade de produção na China leva a uma dependência excessiva do setor externo para elevar o nível de atividade doméstico.

Com a inflação mais resistente nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) pode demorar mais para baixar os juros, o que pode no curto prazo diminuir o consumo norte-americano de importados do país asiático. Em um contexto de dificuldades de retomada do setor imobiliário, com estimativa de queda de 15% na venda de imóveis em 2024, há a expectativa de que as despesas do governo exerçam um papel importante para fortalecer este segmento da economia nos próximos meses. Neste ano, deve haver gastos oficiais para apoiar a construção de moradias populares, o que contribuirá para que o déficit público total como proporção do PIB avance de 7,0% em 2023 para 8,3%. O impulso fiscal será o principal fator que puxará o crescimento do país em 2024, cujo PIB deve subir 4,9%. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.