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10/May/2024

Gasto federal para prevenir desastres cai no Brasil

De acordo com levantamento da ONG Contas Abertas, especializada em orçamento público, os gastos federais com prevenção de desastres naturais caíram 78,4%, de um patamar de R$ 6,8 bilhões para R$ 1,47 bilhão, entre 2013 e 2023. Os valores investidos pela União para prevenir e corrigir efeitos de eventos catastróficos passaram a recuar a partir de 2015, quando se agravam os efeitos da crise econômica no País e crescem as restrições orçamentárias. Durante os quatro anos de gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, de 2019 a 2022, o governo federal gastou menos em prevenção e recuperação de desastres naturais (R$ 6,37 bilhões) do que o montante destinado ao gasto só no ano de 2013 (R$ 6,81 bilhões). Até agora, o País não recuperou o mesmo nível de gastos com essas despesas. No primeiro ano da atual gestão Luiz Inácio Lula da Silva, 2023, esse patamar de recursos subiu quase 7% ante 2022, mas ainda abaixo dos valores de uma década atrás.

Especialistas apontam que eventos extremos já são mais frequentes e intensos com o aquecimento global e alertam que isso vai piorar nos próximos anos. Investimentos em prevenção antidesastre ajudam a se preparar para esses fenômenos e minimizar impactos. Segundo o último boletim da Defesa Civil do Rio Grande do Sul, são ao menos 1,456 milhão de afetados em 417 municípios (de 497) do Estado. Para ajudar o Estado, o governo federal considera suspender os pagamentos da dívida com a União e deve liberar R$ 500 milhões em “emendas Pix” para o Rio Grande do Sul. A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou que o governo gastará “o que for necessário”, mas com transparência e controle, para não repetir erros da pandemia. O ano de 2013, sob a gestão de Dilma Rousseff, representou o auge dos investimentos desde 2010, quando começa a série histórica levantada pela Contas Abertas. Desde 2015, porém, os valores começaram a declinar e nunca mais se recuperaram.

Todos os números são valores reais (atualizados pela inflação). Em 2023, o valor pago para este tipo de investimento foi de R$ 1,47 bilhão, alta de 6,8% em relação a 2022, último ano de Bolsonaro: R$ 1,37 bilhão. No levantamento, a Contas Abertas considerou rubricas relacionadas às pesquisas e à implementação do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden); às obras de contenção em encostas em áreas urbanas; e ao apoio a comunidades afetadas por desastres e calamidades. Nos últimos 14 anos, foi autorizado nos orçamentos anuais da União um total de R$ 70 bilhões em programas de prevenção e respostas aos desastres, mas somente 65% desses recursos foram efetivamente desembolsados. Uma lei federal prevê desde 2012 a criação de um Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil, que ainda não foi lançado e terá seu documento apresentado só no fim do mês que vem. Para especialistas, o planejamento integrado é essencial para aumentar nossa resiliência climática.

É óbvio que a maioria das prefeituras, notadamente as de menor porte, têm dificuldades, técnicas e orçamentárias, para elaborar projetos e planos de trabalho para a contenção de encostas, dragagem dos rios e remoção da população que habita áreas de risco para locais seguros, dentre outras medidas essenciais. Ao enviar ao Congresso a proposta de Orçamento para 2023, a gestão Bolsonaro também sugeriu um corte de 99% das verbas de uma das rubricas relacionadas ao tema. A ação orçamentária 8348, destinada a “apoio a obras emergenciais de mitigação para redução de desastres”, saiu de R$ 2,6 milhões em 2022 para apenas R$ 25 mil em 2023. Mais tarde, até mesmo esse valor foi remanejado pelo governo Lula. Esta é uma dentre as várias rubricas usadas para destinar dinheiro para o tema. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.