23/May/2024
As fortes chuvas que castigaram o Rio Grande do Sul nas últimas semanas provocaram um cenário de desolação no campo, com impactos na agricultura e pecuária. Mais de 2 milhões de pessoas foram afetadas e milhares desabrigadas e desalojadas. As condições climáticas desfavoráveis prejudicaram as atividades agrícolas, especialmente a colheita. No milho, as chuvas e a alta umidade resultaram em perdas na produtividade, com germinação de grãos em espigas, doenças fúngicas e desenvolvimento de micotoxinas. A colheita da soja foi priorizada, resultando em um avanço de apenas 2% na colheita do milho na última semana. Para a soja, a umidade excessiva provocou a abertura de vagens, germinação de grãos e proliferação de fungos, impactando negativamente a produtividade e qualidade. As atividades de campo foram inviabilizadas, atrasando a colheita.
Aproximadamente 85% da área de soja foi colhida até o momento, mas os 15% restantes enfrentam um avanço lento nos próximos dias, muitas lavouras devem ser abandonadas devido à inviabilidade econômica. As enxurradas causaram erosão, perda de solo e fertilidade, além de arrastarem sementes de forrageiras, comprometendo a produção futura. O replantio é iminente, mas a escassez de sementes de pastagem de inverno no mercado dificulta o processo. O excesso de umidade inviabilizou o pastejo, danificando as plantas e compactando o solo. As atividades de colheita e de ensilagem foram lentamente retomadas, com operação apenas em algumas propriedades, pois a prioridade é a colheita de outras lavouras de verão. Estima-se que 92% foram colhidos. As chuvas intensas acentuaram o acamamento das plantas afetadas pela cigarrinha e aumentaram a incidência de doenças bacterianas. Além disso, muitos silos foram danificados pelas chuvas ou sofreram infiltração de água, gerando consideráveis perdas no produto armazenado.
Os produtores relatam a necessidade de adequação das dietas e, em alguns casos, o racionamento no fornecimento em razão da insuficiência de alimentos ofertados a campo. Parte dos acessos ainda estão bloqueados, o que dificulta a chegada de estoques de alimentos para muitos produtores. Algumas frentes estão realizando campanhas para arrecadação de alimentos para distribuição aos rebanhos e várias propriedades afetadas pelas enchentes já contam com as doações de feno e pré-secado. Além no impacto da alimentação, há também problemas logísticos, como estradas intransitáveis e interrupções na coleta do leite, levando à necessidade de utilização de geradores para ordenha e resfriamento, aumentando os custos operacionais para os produtores. A baixa oferta de alimentos e da qualidade do pastoreio causaram redução da produção de leite em diversas propriedades. A falta de energia elétrica tem prejudicado diversos produtores. A utilização de geradores para o resfriamento e a ordenha implica em custos adicionais com combustível.
A situação do barro piorou devido à ausência de dias ensolarados. Houve uma considerável redução na produção, variando conforme a capacidade de suplementação de cada produtor. Os problemas de saúde animal, como mastite e lesões, aumentaram. Relatos de atrasos na entrega de leite foram numerosos, mas a situação está se normalizando gradualmente. O retorno do sol e a melhoria das estradas permitiram a normalização da coleta de leite em alguns locais. No entanto, algumas áreas ainda permanecem inacessíveis para caminhões que realizam a coleta do leite. Para garantir que o leite continuasse sendo produzido e comercializado, a Emater-RS disponibilizou seus carros para a coleta do produto em algumas propriedades. O leite coletado é vendido na cidade, bancando o custo de produção e garantindo o acesso da população. Apesar das obras de recuperação de estradas impedirem o acesso a algumas propriedades, o volume total de leite coletado apresentou poucas perdas na maioria dos municípios. Fonte: MilkPoint. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.