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24/May/2024

Dólar encerra em queda na contramão do exterior

Após trocas de sinal, o dólar encerrou a sessão desta quinta-feira (23/05), em queda de 0,05%, cotado a R$ 5,15. Mais uma vez, as oscilações foram bem contidas, com variação de pouco menos de R$ 0,04 entre a mínima (R$ 5,12) e a máxima (R$ 5,16). Na semana, o dólar acumula valorização de 1,02%. No exterior, a moeda norte-americana ganhou força em relação ao euro e à maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities, em meio ao avanço das taxas dos Treasuries. Leituras preliminares de índices de gerentes de compras (PMI) acima do esperado em maio nos Estados Unidos esfriaram parte das apostas em corte de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) em setembro.

O Real, que costuma apanhar mais em movimentos de fortalecimento global do dólar, se safou da maré negativa. Ajustes de posições e movimentos de realização de lucros deram suporte à moeda brasileira, que tem, contudo, desempenho inferior à de seus pares tanto no mês quanto no ano. Segundo a Treviso Corretora, houve um ajuste, mas o clima ainda é de tensão, o que mantém o dólar acima de R$ 5,15. A percepção é de que o risco fiscal está se ampliando, o que aumenta o prêmio de risco. Houve também um movimento de correção da alta de 0,77% na quarta-feira (22/04) com diminuição dos ruídos sobre eventual mudança da meta de inflação.

Na quarta-feira (22/04), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, causou desconforto ao dizer em audiência no Congresso que a atual meta é "exigentíssima". Como ainda não foi publicado decreto regulamentado da meta contínua de inflação (3% ao ano), voltaram à baila temores de um Banco Central mais leniente na gestão da política monetária a partir do ano que vem, quando o atual presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, será substituído por nome indicado pelo presidente Lula. Porém, uma fonte da equipe econômica afirmou que se o governo quisesse alterar a meta de inflação, teria feito no ano passado.

Em junho, o Conselho Monetário Nacional precisará confirmar a meta de 2025 e 2026, além de fixar a de 2027, caso o decreto com a alteração do regime não seja publicado. O Banco Central reforçou o compromisso com a busca pela meta de inflação. Apesar das divergências no último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), os diretores concordaram que a política deveria ser mais contracionista. A Western Asset ressalta que o Real tem um desempenho recente bem inferior à de seus pares, que apresentaram uma recuperação últimas semanas das perdas apresentadas em abril. A taxa de câmbio já sofre o efeito de "questões idiossincráticas" do País.

Não dá para culpar muito o ciclo de commodities ou dizer que o comportamento do dólar no Brasil é apenas reflexo de um fenômeno global. Há um aumento da percepção de risco local que mudou o nível da taxa de câmbio. Houve troca no comando da Petrobras, dissenso na última reunião do Copom e aumento da preocupação com a questão fiscal. Apesar dos problemas locais, a taxa de câmbio deverá ficar mais perto de R$ 5,00 no fim do ano, com eventual corte de juros pelo Fed no segundo semestre abrindo espaço para um desempenho melhor das divisas emergentes. O risco idiossincrático está cada vez mais claro, mas os fundamentos ainda seguram a taxa de câmbio. Não deve haver uma disparada do dólar, a não ser que haja alguma mudança abrupta do cenário. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.