11/Jun/2024
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que não vê incongruência entre a ambição do Brasil de ser uma referência na agenda global de transição energética e, ao mesmo tempo, seguir explorando campos de petróleo, inclusive na Bacia da Foz do Amazonas. “Infelizmente, não há no mundo quem possa dizer em quanto tempo vamos poder abrir mão da fonte energética do petróleo”, frisou Silveira. Embora acredite na descarbonização, o ministro considerou não ser razoável o Brasil abandonar a exploração de petróleo. Segundo Silveira, ao mesmo tempo em que investe na exploração de petróleo, o Brasil contribui para a sustentabilidade global. Ao lembrar que, graças a políticas públicas implementadas ao longo de décadas, 88% da energia elétrica do País provêm de fontes renováveis, ele destacou que o Brasil já fez e continuará investindo na transição energética. Nesse sentido, citou a contratação neste ano de mais de R$ 60 bilhões em linhas de transmissão, que vão destravar, ressaltou, ainda mais energia limpa e renovável ao País. Disse também que espera a aprovação do projeto de lei do Combustível do Futuro.
Já aprovado na Câmara, o projeto prevê maior mistura de etanol anidro na gasolina, de 27,5% para até 35%, e do biodiesel no diesel, de 14% para 25%. Conforme o ministro de Minas e Energia, o Brasil tem autoridade para discutir transição energética na arena internacional. Ao presidir neste ano as reuniões do G20 e receber, em novembro do ano que vem em Belém, no Pará, a conferência sobre mudanças climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil precisa aproveitar a oportunidade para abrir as portas aos investimentos que o resto do mundo está fazendo na substituição de combustíveis fósseis. A petrolífera russa Rosneft afirmou que os objetivos da transição energética em sua forma atual são ideológicos e irreais. Não existem fontes lucrativas para a transição 'verde', e sua implementação é uma ilusão, o que leva à retirada de investimentos do setor de energia tradicional. Ou seja, não haverá nem uma nem outra. Apesar dos cerca de US$ 10 trilhões investidos na transição energética nas últimas duas décadas em todo o mundo, as fontes de energia alternativas não conseguiram substituir os combustíveis tradicionais.
Hoje, a energia eólica e solar fornecem menos de 5% da produção mundial de energia, e os veículos elétricos representam cerca de 3%. No mesmo período em que foi investido na transição, o consumo de petróleo, gás e carvão cresceu cumulativamente 35%, enquanto sua participação combinada na matriz energética global permaneceu inalterada. Com isso, para atingir as metas do Acordo de Paris, até 2030 os gastos globais com mudanças climáticas precisarão ser de cerca de US$ 9 trilhões por ano, o que é cinco vezes mais do que foi gasto em 2023. Obviamente, a agenda climática exigirá a criação de um novo tipo de infraestrutura, como já ocorreu muitas vezes antes. A transição energética deve ser bem equilibrada e focada em atender aos interesses da maioria, que garantirá o crescimento do consumo de energia nos próximos anos. São os países desenvolvidos que representam uma minoria da população mundial hoje e que mais contribuíram para a crise climática, responsáveis por 65% das emissões acumuladas nos últimos 200 anos.
Superar a desigualdade energética, na visão da petrolífera, é impossível sem o fornecimento confiável de petróleo e gás. O petróleo é usado para a produção de uma enorme quantidade de bens do dia a dia. Abrir mão do petróleo também significaria abrir mão do modo de vida moderno. Mesmo com as discussões sobre transição energética, as projeções indicam um aumento do consumo de petróleo. Segundo a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), a demanda por petróleo deve crescer quase 20%, atingindo 116 milhões de barris por dia (bpd) até 2045, e o petróleo deve continuar a representar cerca de 30% da matriz energética global. Somado a isso, a estocagem de reservas por empresas Ocidentais e do Oriente Médio pode gerar uma expectativa de grandes mudanças no mercado. A presença desses ‘barris fantasmas’, que podem ter um impacto significativo no mercado, neutralizará o efeito dos cortes voluntários de produção realizados pelos principais membros da Opep. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.