11/Jun/2024
Para onde vai a madeira apreendida em operações da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Ambiental? Em Rondônia, o projeto ‘Colhendo Sementes, Construindo Viveiros, Plantando Florestas’ tem por objetivo dar um fim adequado a esse material. O programa busca direcionar os troncos, que estavam sendo obtidos ilegalmente, para a construção ou revitalização de viveiros, já que esse material é frequentemente armazenado em depósitos (onde acabam por se deteriorar), descartado de forma pouco apropriada ou comercializado no mercado ilegal. A ideia de dar um novo destino à madeira apreendida partiu do juiz do Tribunal de Justiça de Ji-Paraná. O projeto surgiu da necessidade de resolver o problema do acúmulo de madeiras apreendidas, que frequentemente se deterioravam com a burocracia administrativa e judicial. Além disso, o Judiciário é gestor das multas e penas pecuniárias advindas de crimes ambientais, mas tem dificuldade em direcionar esses valores para projetos ambientais. Atualmente, cada viveiro construído produz entre 30 mil e 150 mil mudas.
Elas são usadas na recuperação de áreas degradadas, revitalização de matas ciliares e nascentes de rios. O programa idealizado pelo magistrado foi o vencedor em 2023 do Prêmio Juízo Verde, do Conselho Nacional de Justiça, em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU). O meio ambiente não tem partido político, é questão de sobrevivência humana na atual crise climática que o mundo está vivendo. O dinheiro de multas e acordos de recuperação ambiental aplicados a quem comete crime ambiental é investido na compra de sementes vindas de associações indígenas de Rondônia e de outros materiais essenciais à construção dos viveiros. O projeto conta com mais de 4 toneladas de 57 espécies de sementes nativas, a exemplo de ipê, jequitibá, cerejeira, copaíba e jatobá. Projetos de reflorestamento rendem emprego e renda para as comunidades locais com atividades de plantio, manejo florestal sustentável e coleta de produtos florestais não madeireiros. Isso promove o desenvolvimento econômico sustentável e melhora a qualidade de vida das populações envolvidas. Atualmente, 34 municípios aderiram ao projeto de sustentabilidade, o equivalente a quase 70% do Estado de Rondônia. O município tem muito a ganhar: uma cidade mais arborizada e mananciais protegidos.
Esse sucesso não quer dizer que não haja obstáculos à implementação do programa. A maior dificuldade enfrentada é a aderência dos produtores, no que diz respeito à recuperação de áreas degradadas. Muitos ainda não estão conscientes de que precisamos cuidar das matas ciliares, das reservas hídricas e do solo. Rondônia faz parte do que é atualmente conhecido como Arco do Desmatamento da Amazônia, região com 500 mil quilômetros quadrados de terras com os maiores índices de desmatamento no Brasil, que vai mais especificamente do sudeste do Pará, passando também por Tocantins, Mato Grosso e Acre. Nesse contexto, a área eleita para o programa não poderia ser mais apropriada. Segundo o projeto ‘Colhendo Sementes, Construindo Viveiros, Plantando Florestas’, a Amazônia é um dos ecossistemas mais biodiversos do planeta, abrigando milhares de espécies de plantas, animais e micro-organismos, muitos dos quais ainda não foram catalogados. Reflorestar áreas degradadas ajuda a restaurar esses hábitats e a proteger a biodiversidade. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.