20/Jun/2024
A Serasa Experian acredita que a chegada do Drex (a moeda digital do Banco Central, em Real, ainda em fase de testes) deve facilitar o acesso a crédito pelo produtor rural. Hoje, a instituição financeira estima que, de um total de cerca de 5 milhões de agricultores brasileiros, apenas 1,6 milhão tome crédito formal. Isso deve acontecer porque a moeda digital facilitaria saber qual a finalidade do crédito e acompanhar como está sendo aplicado, sem precisar dos precedentes de quem está pedindo o crédito, como acontece na maneira tradicional. O recurso ainda tornaria o acesso mais rápido, sem a necessidade da pré-avaliação. Se para fazer uma agricultura de baixo carbono, o produtor terá 1% de desconto na taxa de juros, uma das maneiras de saber se isso está sendo cumprido é checar se os insumos utilizados são de fato com baixa pegada de carbono.
Se o produtor não estiver usando esse tipo de insumo, graças à moeda digital, será possível ver que algo não está saindo como o combinado. A dificuldade de acesso a crédito deve fazer com que o novo Plano Safra, que se inicia em 1º de julho, tenha uma parcela maior voltada para pequenos e médios agricultores, enquanto a tendência seja de que cada vez mais os grandes recorram ao crédito privado. Devido às limitações orçamentárias, o montante do Plano Safra poderá ser o mesmo do ano passado, sem queda na taxa de juros. Há um conjunto específico de produtores que estão bem alavancados, então vai ser bem mais difícil para esse produtor conseguir o mesmo volume de crédito pela mesma taxa de juros. Então ou vai ter um valor de crédito maior, ou vai ter um volume de crédito menor e uma taxa de juros um pouco maior também.
O risco das carteiras dobrou em um ano, devido à queda no preço das commodities, somado ao aumento nos preços dos insumos e a maiores riscos climáticos, o que torna o risco de inadimplência maior, mas ainda não efetivo. Em contrapartida, há um espaço maior para a concessão de crédito subsidiado para investimentos mais sustentáveis, principalmente com uma pegada de carbono reduzida. Existe uma necessidade de renegociação e alongamento das dívidas dos produtores do Rio Grande do Sul, em função do tamanho das perdas causadas pela tragédia climática. Apesar de a penetração de seguro rural ser alta no Estado, ela ainda é pequena se comparada ao tamanho da catástrofe. A tendência é de leve aumento na adesão ao seguro rural, devido às dificuldades associadas ao clima no Cerrado e à tragédia no Rio Grande do Sul.
No entanto, o seguro rural precisa de mudanças estruturais, como maiores incentivos do Plano Safra e distribuição melhor do risco, por meio de negociações realizadas por intermédio das grandes associações, por exemplo. Para a próxima safra, a expectativa é de maiores investimentos em insumos pelos agricultores, que já cortaram gastos nas últimas safras e podem ter perdas significativas no solo se continuarem nesse caminho. Por parte da Serasa, que está em seu quarto ano de operação no agro, os planos para aumentar o acesso a crédito são uma ampliação nos filtros de análise para a concessão e expansão na análise da carteira. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.