21/Jun/2024
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve, no dia 19 de junho, a Selic em 10,50% ao ano por unanimidade. A decisão interrompe uma sequência de sete cortes consecutivos da Selic, iniciados em agosto de 2023, com 0,50%. A manutenção em 10,50% era a expectativa majoritária do mercado financeiro (43 de 50 instituições, ou 86%). Esse cenário ganhou corpo diante da piora de percepção do quadro fiscal brasileiro, do aumento das expectativas de inflação e do reforço pelos integrantes do Copom do compromisso com as metas estabelecidas. No dia 8 de maio, o Copom confirmou o abandono do forward guidance da reunião anterior e decidiu reduzir a Selic em 0,25%, de 10,75% para 10,50% ao ano.
A decisão foi dividida (5 votos a 4, com todos os indicados do presidente Lula favoráveis a um ritmo maior, de 0,5%). O Copom prometeu manter-se "vigilante". No comunicado da decisão, o colegiado reiterou que os juros terão de continuar em nível restritivo. A política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas. Segundo o Copom, "eventuais ajustes futuros" na taxa básica de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta. Diante de um processo de desinflação mais lento, da desancoragem das expectativas e do cenário global desafiador, é necessário ter serenidade e moderação na condução da política monetária.
Após a decisão unânime de manter a Selic em 10,50% ao ano, a maioria dos investidores considera que a taxa básica de juros permanecerá estável até o final deste ano, com os novos cortes vindo apenas em 2025. É o que mostra pesquisa feita pela BGC. Foram ouvidas 49 pessoas, com a maioria delas (59%) sediadas em gestoras e as demais em bancos e outras instituições. A maior parte dos pesquisados (48%) avalia que o efeito líquido da decisão do Copom, considerando tanto a unanimidade da decisão quanto o teor do comunicado, veio em linha com o esperado. Uma outra parcela (33%) entende que o colegiado foi mais 'dovish', ou seja, demonstrou menos rigor com o controle inflacionário, e 19% acham que se mostrou mais rigoroso, ou hawkish.
Apesar disso, a ampla maioria dos pesquisados (81%) consideram que o comunicado com a decisão foi equilibrado em relação às expectativas, e 17% acham que o Copom deveria ter sido mais duro em sua comunicação. Apenas 8% acham provável uma nova alta da Selic neste ano. A maioria espera manutenção da taxa até o final de 2024. As previsões ficam mais divididas apenas para a decisão do Copom de dezembro, com 57% prevendo manutenção da Selic, 30% prevendo algum corte e 13% esperando alta da taxa. Para o final de 2025, a expectativa agregada dos pesquisados é de uma Selic em 9,82%. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.