01/Jul/2024
Recuperar o protagonismo da indústria nacional é uma das principais bandeiras do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O setor industrial, que sofre com perda de produtividade, baixo investimento em inovação e uma elevada carga tributária, viu sua participação no Produto Interno Bruto (PIB) despencar nas últimas décadas: de aproximadamente 36%, em 1985, para apenas 12% em 2019. A preocupação com o cenário foi externada por Lula e pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, que também acumula o cargo de ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), em um artigo de opinião publicado pelo Estadão em maio de 2023. “Nos últimos anos, a indústria brasileira tem enfrentado dificuldades de crescimento, com uma participação cada vez menor no PIB. A desindustrialização precisa ser interrompida, para que geremos mais empregos de qualidade”, escreveram o presidente e o vice à época.
Depois de uma leve recuperação nos últimos anos, a indústria de transformação encerrou o ano passado com uma fatia de 15,3% no PIB brasileiro. E, em janeiro deste ano, o governo federal lançou o programa Nova Indústria Brasil: um pacote que reedita políticas de antigas gestões petistas e prevê R$ 300 bilhões em financiamentos e subsídios ao setor até 2026, além de uma política de obras e compras públicas, com incentivo ao conteúdo local, com a exigência de compra de fornecedores brasileiros. Para a Fundação Getúlio Vargas (IBRE/FGV), trata-se de um plano que traz exemplos de coisas ruins que foram feitas no passado. A redução da participação da indústria, dando espaço a outros setores como o agro ou serviços, é algo natural. Um movimento que também foi visto em outros países. No entanto, o Brasil sofre com um fator agravante: a perda de produtividade. Esse é o maior problema.
Hoje, a produtividade do País equivale a apenas 87% do que era no início dos anos 2000. Sem produtividade, não é possível competir com as importações e sequer exportar para outros países. O custo Brasil é um dos principais causadores da perda de produtividade no País. Produzir no Brasil é muito caro. Afeta todos os setores, mas afeta especialmente a indústria. O consumidor pode comprar um artigo eletrônico do Brasil, do Japão, da Coreia do Sul. Mas, um corte de cabelo, por exemplo, que é um serviço, só dá para fazer na sua própria região. O setor industrial compete naturalmente com outros países e, por isso, é tão afetado. O Nova Indústria Brasil é focado em seis áreas específicas, que possuem metas de entrega para um horizonte de dez anos. São elas: cadeias agroindustriais; saúde; bem-estar das pessoas nas cidades; transformar digitalmente; bioeconomia, descarbonização e transição e segurança energética; e defesa. Desde a concepção, o plano recebeu críticas, que foram rebatidas pelo governo.
“Eu quero perguntar a esses que escrevem todos os dias dizendo que estamos trazendo medidas antigas: me expliquem a China? Por que a China é o país que mais cresceu no mundo nos últimos 40 anos? Me explique a política econômica americana. Já são dois trilhões na década em subsídio, incentivo e investimento público para atrair empresas”, afirmou Aloísio Mercadante, presidente do BNDES, após o lançamento do programa. O desenho das políticas industriais brasileiras normalmente é muito ruim. Medidas que implicam algum tipo de proteção ou subsídio têm de ter data para terminar. É preciso desenvolver o setor, o tornar competitivo e, então, retirar aquele incentivo. No evento, o presidente Lula afirmou que os R$ 300 bilhões são um “alento” para a indústria “dar um salto de qualidade”. Mas, especialistas acreditam que é preciso traçar metas claras em todos os setores contemplados. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.