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01/Jul/2024

Real sofrendo ataque especulativo e BC não ajuda

Na avaliação do economista André Perfeito, considerando o quadro global no mercado de moedas na sexta-feira (28/06), não há como negar que "o Real está sofrendo um ataque especulativo". "Pensei muito antes de usar o termo, afinal é fácil usar termos chamativos como esse para engajar ouvintes em todas as plateias, mas hoje o dólar dispara contra o real mais de 1,2% enquanto as demais moedas emergentes estão estáveis", argumenta. "Há que se considerar algo que seja próprio da moeda nacional que não seja replicável às demais", complementa. Perfeito lista alguns fatores que, em teoria, justificariam um retrato melhor da taxa de câmbio, mas que estão sendo relevados, entre eles o diferencial de juros mais favorável ao Brasil após o Copom ter interrompido o ciclo de cortes da Selic.

Além disso, a balança comercial continua positiva, "logo é entrada de dólares no País", ainda que o superávit esteja perdendo força. "Por outro lado, é fato que o real mais fraco irá desincentivar as importações", pondera. Ele lembra ainda que os dados econômicos não estão ruins, como mostra a queda na taxa de desemprego. "Por que, então, estamos nesse estado de coisas?", questiona. Para Perfeito, não há outro motivo se não a sinalização do Banco Central que "há uma crise contratada por conta do fiscal". "Não acho que isso seja necessariamente verdade, afinal o ajuste de Haddad está sendo feito aos poucos pelo lado da receita, mas a sinalização por parte do BCB está deixando tudo mais confuso", explica.

O economista classifica a situação atual como ataque especulativo uma vez que, segundo ele, o mercado se posicionou contra o Real depois de tantas mensagens truncadas, que criam uma situação em que os agentes, mesmos os que não achem que seja o fim do mundo, viram a mão para ganhar com a queda do Real. O desarme dessa armadilha passa, na opinião do economista, por uma intervenção no mercado de câmbio, "não para alterar o patamar", o que seria impossível em condições normais de temperatura e pressão, mas para atenuar a volatilidade.

Além disso, seria necessária uma comunicação mais serena do Banco Central, indicando que vê tal movimento do câmbio como exagerado. Por fim, diz ainda ver como perigosa a estratégia de "terceirizar para o Boletim Focus a política monetária". "É pedir para entramos num jogo de espelhos infernal quando um espelho está na frente do outro, a situação se retroalimenta de maneira explosiva", avalia Perfeito, que vê urgência na adoção pelo Banco Central de uma comunicação mais assertiva. "Até segunda ordem sugiro a compra de títulos indexados à inflação ou simplesmente pós fixados em Selic. Vai demorar para a situação se equilibrar e dependemos, mais do que nunca, que os juros norte-americanos tragam 'juízo' ao mercado local". Fonte: Broadcast Agro.