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05/Jul/2024

RS: os impactos das enchentes nas seguradoras

De acordo com dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep), entre as 15 maiores seguradoras do País, 3 obtiveram mais de 10% de sua arrecadação com as principais linhas de seguro de vida e danos no estado do Rio Grande do Sul nos três primeiros meses deste ano. Os números levam em conta linhas como seguro automotivo, de vida, rural, habitacional e residencial, que estão entre os mais impactados pelas enchentes no Estado. A Icatu teve 36,4% do volume de prêmio vindo do Rio Grande do Sul; a Mapfre, 15,6%; e a HDI, 11,9%. A média do mercado é de 7,4% As empresas mantêm o regime reforçado de operações no Estado, que foi palco de enchentes no mês de maio e que segue em estado de calamidade pública. O setor de seguros recebeu R$ 3,9 bilhões em pedidos de indenização até o dia 18 de junho, de acordo com os dados mais recentes compilados pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg).

A Icatu foi a empresa em que o Rio Grande do Sul teve o maior peso na arrecadação entre janeiro e março. A seguradora, uma das maiores do País entre as que não são controladas por bancos, é sócia do Banrisul na venda de produtos de seguro na rede do banco estadual. Além disso, também vende apólices através de cooperativas de crédito que têm forte presença no Estado. A Icatu tem distribuição por mais de um ponto em 100% dos 497 municípios do Rio Grande do Sul. Nos seguros de pessoas, classificação em que está o seguro de vida, a empresa detém cerca de 30% do mercado do Estado. Terceira empresa entre as 15 maiores em que o Estado teve o maior peso, a HDI tem buscado diversificar-se regionalmente, o que levou às aquisições de operações da Sompo e da Liberty no País nos últimos dois anos. Ainda assim, tem na Região Sul do País, um de seus primeiros mercados, boa parte da carteira de clientes.

O maior impacto para a empresa, sem dúvida, será na linha de automóvel. No entanto, outras frentes também serão afetadas. Os dados da CNseg apontam que o maior volume de pedidos de indenização foi nos seguros de grandes riscos, como os que protegem grandes estruturas públicas, com R$ 1,3 bilhão até meados de junho. A maior quantidade de avisos foi nos seguros residencial e habitacional, com 22,7 mil, seguidos pelo de automóvel, com 19,1 mil. A Mapfre, que foi a segunda empresa com a maior exposição ao Rio Grande do Sul no período, afirmou que embora haja uma demanda significativa por informações detalhadas, a consolidação de valores de indenizações para clientes do Rio Grande do Sul ainda é prematura, pois, passado o momento de resgates e busca por abrigos, os cidadãos afetados estão começando a relatar os sinistros. As empresas afirmam ter balanços robustos o suficiente para absorver os impactos das perdas no Rio Grande do Sul.

Por regra, as seguradoras precisam constituir provisões equivalentes ao risco que assumem ao aceitar fazer um seguro para o cliente, para garantir que haverá capital suficiente para indenizá-lo se necessário. A CNseg tem monitorado os efeitos junto aos associados, e não verificou uma concentração do impacto em nenhuma seguradora. A Icatu estima que terá de pagar cerca de R$ 100 milhões em indenizações nos seguros de danos a imóveis, de um capital segurado total de R$ 9,5 bilhões. A HDI não traça estimativas, mas até o mês passado, havia pagado aproximadamente R$ 260 milhões em indenizações no seguro automotivo e R$ 10 milhões nas linhas de condomínio e empresarial. O próximo debate no setor é sobre as consequências de longo prazo para o mercado. Especialistas acreditam que a tragédia no Rio Grande do Sul se tornará a maior perda segurada causada pelo clima na história do País, superando os cerca de R$ 10 bilhões em prejuízos causados pelo La Niña em 2022.

A HDI afirmou que este, com certeza, será o maior evento catastrófico do País. Por outro lado, acredita que não seja possível mensurar as perdas nem as comparar com qualquer outro evento que já aconteceu no Brasil. A Icatu afirma que o impacto inicial sobre o setor tende a ser de desaceleração da arrecadação em consequência do baque que a economia do Estado sofreu. Em um segundo momento, haverá uma conscientização sobre as ferramentas que os seguros oferecem. Fenômeno similar aconteceu após a pandemia de Covid-19, o que impulsionou as contratações de seguros de vida e de planos de previdência no País. A Icatu afirmou que não olha o volume de indenizações como algo negativo, mas como as seguradoras cumprindo o seu papel. Os fenômenos ajudam que haja uma maior compreensão sobre terceirizar ou assumir riscos. O mercado do Rio Grande do Sul pode estar dando um passo para trás, mas pode dar dois ou três à frente. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.