ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

15/Jul/2024

Os desafios demográficos no Brasil e no mundo

Relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) projeta que a população mundial atingirá seu pico ainda neste século e chegará a 10,3 bilhões de pessoas em 60 anos. Depois disso, deve recuar para 10,2 bilhões em 2100. O Brasil, por sua vez, deverá atingir seu ápice populacional em 2042, chegando a 219,28 milhões de habitantes. Apesar da alta mundial, o documento World Population Prospects 2024, da ONU, prevê crescimento populacional 6% menor no planeta do que o estimado há dez anos, o que significa 700 milhões de pessoas a menos. A perspectiva de um planeta mais populoso é uma preocupação extra diante do agravamento da crise climática, que esgota recursos naturais e pode deixar eventos extremos, como tempestades e ondas de calor, mais intensos e frequentes. O cenário demográfico evoluiu muito nos últimos anos. Em alguns países, a taxa de natalidade é agora ainda mais baixa do que a prevista anteriormente, e se observa quedas um pouco mais rápidas em algumas regiões de alta fertilidade.

O auge populacional brasileiro em até três décadas é semelhante ao período projetado para outros 47 países, em uma lista que inclui Irã e Turquia. Hoje, o Brasil tem 215,3 milhões de habitantes. O Censo IBGE 2022 já havia mostrado que o ritmo de crescimento da população brasileira vem diminuindo. A taxa média entre 2010 e 2022 ficou em 0,52%, pela primeira vez abaixo de 1% ao ano. Foi o menor crescimento populacional registrado ao longo da série histórica, iniciada em 1872. No ano passado, um estudo do IBGE a partir dos dados do censo revelou que o percentual de pessoas com 65 anos ou mais no País chegou a 10,9% da população, alta recorde de 57,4% frente aos números de 2010, quando os idosos representavam 7,4% do total. Pelas projeções da ONU, os idosos representarão 1/3 da população do País até o fim deste século. Nas próximas três décadas, a estimativa é de que o índice chegue a 18%.

Segundo a Centro Latino-americano e Caribenho de Demografia (Celade), vinculado à Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), há um desafio em relação ao tema do envelhecimento populacional, e o Brasil tem agora essa janela de oportunidade, com pessoas em idade para trabalhar em maior proporção do que as dependentes. Mas, no futuro, essa pirâmide vai mudar. É preciso ver a sustentabilidade desse sistema e todos os desafios que essa nova estrutura etária dá. E é importante mencionar que nos países da região, e no Brasil também, a transição demográfica foi muito mais acelerada do que na Europa. O envelhecimento populacional é muito mais rápido. A mudança de perfil da população pressionará a demanda por serviços de saúde e assistência social, além de elevar gastos com a previdência.

Por outro lado, o fim do chamado bônus demográfico (quando há o pico da proporção de jovens em idade economicamente produtiva) deve impactar no PIB do País, o que pode ter impacto na renda. O relatório mostra que 63 países já atingiram o pico populacional, incluindo alguns dos mais ricos e populosos, como China, Alemanha, Japão e Rússia. Assim, a estimativa é de que haja redução nas próximas décadas, podendo chegar a um índice de 14% nos próximos 30 anos. Entre os fatores apresentados pela ONU estão os níveis mais baixos de fertilidade, especialmente na China. Os países passam por transição demográfica. Houve níveis altos de fecundidade e mortalidade na década de 50 na América Latina, passando a diminuir na década de 60. Segundo a ONU, no mundo, as mulheres têm tido em média um filho a menos do que em 1990. Em mais da metade dos países, o número médio de nascidos vivos por mulher está abaixo de 2,1, nível visto como necessário para que uma população se mantenha constante no longo prazo, sem considerar fatores migratórios.

Quase um quinto de todos os países têm fertilidade considerada “ultrabaixa”, de menos de 1,4 nascimento por mulher ao longo da vida. Entre eles estão China, Itália, Coreia do Sul e Espanha. O pico populacional mais cedo e mais baixo é um sinal de esperança. Pode significar redução nas pressões ambientais decorrentes de impactos humanos devido ao menor consumo agregado. Mas, o crescimento populacional mais lento não eliminará a necessidade de reduzir o impacto médio atribuível às atividades de cada pessoa. O relatório alerta que países com populações jovens e fertilidade em declínio têm um tempo limitado para se beneficiar economicamente da população em idade ativa (entre 20 e 64 anos). O cenário está previsto em cerca de 100 países, o que inclui o Brasil. Será preciso que esses países reforcem os investimentos em educação, saúde e infraestrutura, além de implementar reformas para criação de empregos e tornar a gestão pública mais eficiente.

Além de o relatório World Population Prospects 2024 mostrar que a população brasileira seguirá crescendo pelos próximos 20 anos, com pico populacional em 2042, o documento projeta que, depois, terá início uma trajetória de queda. Em 2100, a projeção é de que o País tenha 163,3 milhões de habitantes. O relatório estima que muitos países já atingiram o pico populacional, enquanto outros seguem em crescimento em diferentes níveis. Essa dinâmica demográfica trará mudanças no que diz respeito aos países mais populosos. Índia e China seguirão na frente até 2100, mas a tendência é que a população chinesa caia para menos da metade da atual. E outras três nações em desenvolvimento, cuja taxa de fertilidade está em alta, deverão completar o top 5. Segundo as estimativas, os países mais populosos do mundo em 2100 serão: Índia, com 1,5 bilhão de habitantes; China, com 634,45 milhões; Paquistão, com 510,5 milhões; Nigéria, com 476,64 milhões; e República Democrática do Congo, com 429,23 milhões. Alguns países poderão atenuar a queda da população com a imigração ou com a estrutura etária mais velha, pois as pessoas viverão mais. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.