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05/Aug/2024

Brasil: produção industrial sobe em junho ante maio

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o avanço de 4,1% na produção industrial em junho ante maio foi puxado, principalmente, pelo desempenho das atividades de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, que avançaram 4,0%, produtos químicos (6,5%), produtos alimentícios (2,7%) e indústrias extrativas (2,5%). Outras contribuições positivas relevantes sobre o total da indústria vieram de metalurgia (5,0%), de veículos automotores, reboques e carrocerias (3,1%), de bebidas (3,5%), de máquinas e equipamentos (2,4%), de produtos do fumo (19,8%) e de celulose, papel e produtos de papel (1,6%). Ao todo, 16 das 25 atividades pesquisadas registraram alta.

Entre as 9 atividades restantes que apontaram redução na produção, o maior peso foi de "outros equipamentos de transporte", com queda de 5,5% na produção na margem, interrompendo dois meses consecutivos de taxas positivas, período em que acumulou ganho de 4,8%. Esse movimento, em junho, está ligado à redução na produção de motocicletas, embarcações e aviões. Vale destacar também as influências negativas registradas por artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (-4,1%), impressão e reprodução de gravações (-9,1%) e confecção de artigos do vestuário e acessórios (-2,7%).

A expansão de 4,1% da indústria em junho ante maio foi a maior desde julho de 2020, quando a produção aumentou 9,1% na comparação mensal. Para os meses de junho, o crescimento da indústria é o maior desde 2020. Com dois meses consecutivos (abril e maio) em retração, a produção da indústria estava em base depreciada. Além disso, a retomada em diversas atividades produtivas, que foram direta ou indiretamente afetadas pelas chuvas ocorridas no Rio Grande do Sul, contribuiu para impulsionar o resultado da indústria em junho. A expansão de junho deriva de base baixa e da volta da produção de plantas industriais paralisadas em maio.

O impacto das chuvas no Rio Grande do Sul não se limitou às fábricas instaladas no Estado. Unidades em outras regiões do País reduziram ou paralisaram as atividades, muitas vezes dando férias coletivas aos funcionários, por falta de peças produzidas no Rio Grande do Sul. Após queda em maio, devido às chuvas, o setor automotivo contribuiu para avanço da produção industrial em junho. O ramo de veículos automotores, reboques e carrocerias apresentou expansão de 3,1%, e o de metalurgia, de 5%. Os resultados de junho levaram a indústria a ultrapassar o patamar pré-pandemia: o índice está 2,8% acima de fevereiro de 2020. Porém, a atividade industrial ainda se encontra distante do resultado de maio de 2011, quando foi registrado o nível recorde.

Embora tenha suplantado patamar pré-pandemia, a indústria ainda está 14,3% abaixo de maio de 2011, maior patamar da série histórica. Ainda há espaço para ser percorrido para zerar perdas do passado recente. Segundo o C6 Bank, o desempenho da produção industrial em junho foi forte, mas não pode ser considerado surpreendente. Já era esperada uma recuperação do setor, após resultados negativos em abril e maio, e dado o processo de normalização da atividade no Rio Grande do Sul, após o Estado sofrer com as enchentes. Independente do Rio Grande do Sul, já que ainda não há dados por região, o contexto de dados de atividade é de últimas divulgações fortes. Todos os indicadores têm mostrado a força da economia.

Há chance de um crescimento acima de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, na margem. Apesar do bom momento e da aparente retomada da indústria no final do primeiro semestre, alguns vetores tendem a moderar o desempenho do setor no segundo semestre. O principal deles é a perda de dinamismo da atividade global. O segundo semestre tende a ser outra história. Estados Unidos, China e Europa tem dado alguns sinais de desaquecimento na indústria, e o Brasil costuma seguir esse ciclo também. Também há dissipação dos efeitos do impulso fiscal do governo, mais fortes no início do ano, como outro vetor que pode moderar a atividade doméstica no segundo semestre.

A produção industrial brasileira voltou a crescer em junho após dois meses consecutivos de queda, impulsionada pela expansão dos bens de consumo duráveis no período, sobretudo automóveis. O movimento reflete, em parte, os esforços de recuperação do Rio Grande do Sul. O número reforçou a percepção de atividade ainda bastante aquecida no segundo trimestre do ano. O Bradesco destacou que a expansão da indústria em junho deve contribuir para um crescimento do PIB no segundo trimestre de magnitude semelhante à observada nos primeiros três meses do ano, quando a economia do País cresceu 0,8%, na comparação com o último trimestre de 2023.

A G5 Partners elevou sua estimativa em tempo real (tracking) para o PIB do segundo trimestre, de 0,5% para 0,9%, após incorporar na conta o resultado da produção industrial e outros indicadores de atividade no mês. No saldo geral, o efeito das enchentes no Rio Grande do Sul sobre a produção industrial brasileira do segundo trimestre tende a ser nulo, ou até positivo, dado os esforços empreendidos para a recuperação do Estado. Para a Pezco, o resultado acima do esperado da indústria em junho reforçou o viés de alta da sua estimativa para o crescimento de 0,5% do PIB no segundo trimestre. Há uma possibilidade não desprezível de o PIB do segundo trimestre surpreender para cima. Se isso acontecer, é provável que o crescimento no terceiro e no quarto trimestre seja menor, puxado por essa tensão e aversão a risco, com dólar em alta e juros futuros pressionados.

A produção industrial de junho registrou variação positiva na margem em suas principais categorias econômicas: bens de capital (0,5%), bens intermediários (2,6%), bens de consumo duráveis (4,4%) e bens de consumo semi e não duráveis (4,1%). Destaque para o desempenho positivo disseminado do setor no mês, em particular dos bens de consumo duráveis. Conforme divulgou a Anfavea, associação que representa as montadoras do País, foram produzidas 211 mil unidades de veículos em junho, crescimento de 26,6% em relação a maio, quando as enchentes no Rio Grande do Sul interromperam por 12 dias o funcionamento da fábrica da General Motors (GM) em Gravataí, onde é produzido o Onix, e prejudicaram o fornecimento de peças a montadoras de outras regiões.

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) manteve a projeção de crescimento de 2,2% para a produção industrial em 2024. A categoria de bens de capital conseguiu se recuperar, impulsionada pela melhora das condições de crédito, pela queda dos juros, pela recuperação da confiança dos empresários e pelo aumento da produção de veículos pesados. Na comparação interanual, houve um aumento de 3,2% da produção industrial. O resultado ficou acima do esperado pela Fiesp. Porém, a manutenção dos juros em nível restritivo por um longo período é um fator de risco, uma vez que tende a pesar contra a continuidade do processo de recuperação esperado para a indústria de transformação. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.