06/Aug/2024
Um batom que pode ser aplicado sem a necessidade de usar as mãos. A máquina, com informações em braile e ferramentas de inteligência artificial (IA), é construída há sete anos pelo Grupo Boticário, que terminou na semana passada a fase de testes com o público. O objetivo do chamado Batom Inteligente é ajudar pessoas com deficiência visual ou com dificuldade de mobilidade a se maquiar com autonomia. A iniciativa da companhia de cosméticos é um exemplo de como empresas já consolidadas no mercado brasileiro têm buscado ampliar seu portfólio para atender clientes com deficiência, para atrelar a sua cultura organizacional às políticas ESG (meio ambiente, social e governança), para além dos muros do ambiente corporativo. O público-alvo é relevante. Segundo dados da Pnad Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022, o Brasil tem cerca de 18,6 milhões de pessoas de dois anos ou mais com algum tipo de deficiência.
Segundo o Boticário, o mecanismo criado com o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar), a startup Neurobots e a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), faz parte das estratégias de diversidade e inclusão da companhia. Outra empresa, a Mercur, que já atuou em parceria com o Boticário para criar maquiagens acessíveis, também desenvolve desde 2011 uma gama de materiais direcionados ao bem-estar de pessoas com deficiência (PCDs). Entre outros itens, a linha de acessibilidade da empresa conta com fixadores de objetos, alças, pulseiras para estabilizar movimentos, luvas para reabilitação das mãos e engrossadores para lápis. Na Tramontina, a iniciativa para atender ao público com deficiência ocorreu mais recentemente, em 2023.
A empresa de utensílios de cozinha lançou uma coleção de talheres com garfo, faca e colher voltados para pessoas com doença de Parkinson e outras condições clínicas que interferem no movimento das mãos. Os modelos, que têm texturas nos cabos para facilitar a aderência, foram desenvolvidos com a empresa ZON Design e a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA). Segundo a consultoria especializada Talento Incluir, as iniciativas existentes até agora nas empresas brasileiras são importantes, mas ainda muito pontuais. Nenhum produto é lançado se não tiver público para consumi-lo. Os PCDs existem, mas não são bem contabilizados. Então, a questão de não ter produtos direcionados está muito ligada às organizações não saberem qual o real potencial de alcance. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.