16/Aug/2024
O IRB Re acredita que a maior parte dos potenciais pedidos de indenização relativos às enchentes no Rio Grande do Sul já foi feita pelas seguradoras. Para o que pode vir ao longo do segundo semestre, a resseguradora afirma estar protegida através da chamada retrocessão, que é o repasse de riscos para terceiros, um mecanismo do mercado global que funciona como o "seguro do resseguro". A empresa trabalha com uma estimativa de que 70% do sinistro já aconteceu, podem vir cerca de 30% à frente. Há cautela, porque esse é um evento em que os avisos devem vir rapidamente, mas podem durar cerca de seis meses. No segundo trimestre, o IRB provisionou R$ 257 milhões para sinistros relativos às enchentes no Rio Grande do Sul, sendo R$ 150 milhões em sinistros já avisados, e outros R$ 107 milhões para pedidos que ainda não foram feitos. A diversificação da carteira de apólices do IRB ajudou a reduzir os impactos: mesmo com o evento, o lucro da resseguradora saltou três vezes em um ano, para R$ 65 milhões, e os índices de capital continuaram acima do mínimo requerido.
O restante dos avisos relativos ao Estado tende a ter impacto mais baixo. O que vier está protegido pela retrocessão. O IRB deixou R$ 107 milhões reservados para eventos futuros que não estão cobertos. É provável que o cenário de preços mais altos e condições mais rígidas no mercado, o chamado "hard market", continue por mais um ano devido às enchentes, o que reverte uma perspectiva, vista no começo do ano, de queda nas taxas já em 2024. Este efeito está ligado ao custo que o IRB tem para se proteger via retrocessão, e que deve aumentar diante da maior frequência de eventos climáticos extremos no País. As renovações de retrocessão do IRB acontecem a partir de outubro. Diante dos impactos da catástrofe no Estado sobre as perdas, a companhia se adiantou e em julho, começou a conversar com os retrocessionários no exterior. A ideia foi mostrar o que estava acontecendo e prepará-los para o acionamento das retrocessões. O IRB tem transmitido os ajustes de preço esperados para os clientes.
A partir da tragédia no Rio Grande do Sul, passou a estabelecer limites de cobertura em perdas causadas por eventos catastróficos, um mecanismo comum em países como o México, mas que não existia no Brasil até agora. O contexto reforçou a política da gestão atual do IRB, de não buscar ganhos de mercado a partir de preços baixos. O IRB vai crescer em prêmios se as seguradoras aceitarem seus preços. O foco é em manter a empresa rentável. Não tem a menor ansiedade em baixar preços para crescer prêmios. É natural que nas altas de preço haja um ciclo em que a seguradora primeiro deixa de renovar as linhas, mas posteriormente aceitam pagar mais pela proteção. Essa lógica está sendo aplicada às renovações na América Latina, que começaram em julho. O objetivo do IRB é ser líder em resseguros na região ao longo dos próximos anos. Ou seja: não necessariamente a resseguradora vai buscar emplacar todas as renovações agora. O IRB tem buscado mais negócios no Brasil também de acordo com a rentabilidade, o que explica a diluição do resseguro rural na carteira de negócios.
A empresa tem desenvolvido mais negócios na área patrimonial, porque a rentabilidade está de acordo com aquilo que deseja alcançar. O desenvolvimento de carteiras tem muito a ver com o preço certo. O mesmo fator explica o motivo pelo qual a empresa tem feito menos negócios de resseguro aeronáutico nos últimos anos. A partir de 2022, os preços dessa linha subiram de forma relevante com a guerra da Ucrânia, que aumentou as perdas no mercado internacional. Tragédias como a do voo da Voepass, que caiu em Vinhedo (SP) na semana passada, também têm impacto. A carteira em aeronáutico é muito pequena porque não o IRB não está conseguindo vender pelo preço que acha que é correto. O IRB espera crescer em linha com o mercado de seguros brasileiro, que tem se expandido a um ritmo de 10% a 15% por ano. No segundo trimestre, os prêmios emitidos pela companhia voltaram a crescer, com expansão de 3%, para R$ 1,434 bilhão, puxados pelos negócios no Brasil, que tiveram expansão de 18%. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.