28/Aug/2024
A cidade de São Paulo segue como única representante da América Latina e Caribe na lista de 100 maiores clusters de ciência e tecnologia do mundo. A capital aparece em 73ª colocação no levantamento da Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI), parceira da Confederação Nacional da Indústria (CNI). A lista é liderada por cidades do leste da Ásia, em especial da China e dos Estados Unidos. Os critérios avaliados são o número de patentes internacionais depositadas, via Tratado de Cooperação de Patentes (PCT), e artigos científicos publicados. São Paulo somou 727 depósitos PCT entre 2019 e 2023 e 25.214 artigos entre 2018 e 2022. No ano passado, a cidade tinha ficado na 72ª posição. Para a CNI, o ecossistema de São Paulo continua forte, com um corpo técnico altamente qualificado nas universidades e indústrias que mantêm esforços de inovação.
Mas, existe o desafio de conectar a produção acadêmica com o setor produtivo e superar o problema cultural de baixo investimento em inovação, por parte dos governos e das próprias empresas. O maior número de patentes depositado por empresas, entre 2019 e 2023, veio da Braskem, com 65, 9% do total. Na sequência aparecem a Natura, que soma 23, e a Dow Global Technologies (17). O levantamento destaca que 24% das patentes ocorrem em colaboração com outros polos de inovação. Rio de Janeiro (RJ), Porto Alegre (RS) e Filadélfia (EUA) são as localizações mais parceiras. O ranking dos clusters é uma prévia do Índice Global de Inovação (IGI), que será divulgado mundialmente em 26 de setembro pela OMPI e parceiros, entre eles a CNI. As áreas de química e saúde são os destaques no cenário de inovação em São Paulo.
O levantamento da OMPI mostra que, entre os pedidos de patentes na cidade, praticamente metade (49%) são de: tecnologia médica (10%), química fina orgânica (8%), outras máquinas (8%), química molecular (6%), química de materiais básicos (6%), farmacêutica (6%) e manuseio (5%). Entre as publicações científicas da capital, os temas são: medicina clínica (13%), cirurgia (11%), biologia aplicada (10%), biologia fundamental (9%), ciências da natureza (8%), química (7%) e tecnologia (7%), que respondem por 65% das publicações. Os clusters de ciência e tecnologia estão entre os componentes-chaves para a inovação em qualquer economia. Ao reunir ciência, negócios e empreendedores, essas cidades ou regiões são capazes de construir um ecossistema que traduz ideias cientificas em impacto real. Na última edição, o Brasil esteve entre as economias que tiveram maior salto de desempenho no Índice nos últimos quatro anos: subiu cinco posições, ficando com o 49º lugar.
Por isso, ao analisar a posição de São Paulo como cluster, é preciso considerar outras variáveis. É preciso olhar para o Brasil do ponto de vista de competitividade. Existem países investindo fortemente em política industrial e em pesquisa e desenvolvimento em áreas estratégicas e isso deve servir de lição. Ainda assim, há um cenário positivo internamente, com novos polos de inovação e políticas relevantes, cujos resultados vão começar a aparecer nos próximos anos. Entre os novos ecossistemas brasileiros, pode-se citar a Região Nordeste com energias renováveis, a Região Norte com bioeconomia e a Região Sul com tecnologia da informação. Entre as políticas de inovação, destacam-se o Programa Mover, o Marco Legal das Startups, o Brasil Mais Produtivo e o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), além das instituições de ciência e tecnologia (ICTs), como os Institutos Senai de Inovação e Tecnologia. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.