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28/Aug/2024

Cenário que favorece queimadas vai até outubro

Após o número recorde de focos de incêndio no fim da semana passada, São Paulo não tinha registro de queimadas na segunda-feira (26/08), mas 48 cidades continuavam em situação de alerta. Segundo especialistas em clima, as condições climáticas para a propagação do fogo devem voltar até esta sexta-feira (30/08). Entre os fatores, estão a baixa umidade, o calor excessivo e ventos acima de 30 Km/h. Até a chegada da primavera e o começo do período de chuvas, entre o fim de setembro e começo de outubro, é possível a repetição de episódios similares de fumaça e fuligem mesmo em cidades e Estados que não enfrentam queimadas. Dadas as condições climáticas favoráveis, o fogo se espalhou rapidamente na sexta-feira (23/08). O Centro de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden) tem uma ferramenta para informar à Defesa Civil, que leva em conta temperatura, umidade, seca e vento.

São muitos dias consecutivos de seca, sem chuva. Por isso, esta época do ano é particularmente crítica, com temperatura acima de 30°C, umidade abaixo dos 30% e ventos acima de 30 Km/h. Conforme o Climatempo, a frente fria que passou pelo centro-sul do País no último fim de semana ajudou a carregar a fumaça por muitos quilômetros. O ar das queimadas é quente e, por isso, mais leve. Já o ar da frente fria é mais denso, pesado. A frente fria ajuda a compactar a fumaça, a impedindo de se dissipar e a arrastando para outros Estados. Se houver novas frentes frias até o fim da temporada seca, é bem provável acontecer de novo. Os chamados “rios voadores” (canais de ventos intensos que transportam a umidade da Amazônia para as Regiões Sul e Sudeste) também têm funcionado como espécies de rios secos, transportando fumaça das queimadas no Norte e agravando a crise que já existia em vários pontos da Região Sudeste.

Na Floresta Amazônica e no Pantanal, o governo Luiz Inácio Lula da Silva tem sido alvo de críticas pelas falhas no combate às queimadas, que bateram recordes nos dois biomas. Como a Cordilheira dos Andes é muito alta, essas correntes não se dispersam. Elas passam por Peru, Bolívia, e depois, dependendo da situação meteorológica, vão diretamente para as Regiões Sul ou Sudeste. No verão, elas carregam umidade, mas, nesta época do ano, em que não chove, é como um rio seco, um jato de fumaça na Região Sudeste, situação ampliada pelos incêndios no interior do próprio estado de São Paulo. É chamado de rio voador porque é um volume de água evaporada realmente muito grande. Acontece principalmente no verão, traz chuva para as Regiões Sul e Sudeste. Agora, com o tempo seco e com quantidade grande de queimadas, essas correntes de vento trazem fumaça.

Na semana passada, por exemplo, a Defesa Civil do Estado de Santa Catarina afirmou ter identificado no Estado partículas das queimadas da região do Pantanal. O combate aos incêndios em São Paulo mobilizou até o maior avião da Força Aérea Brasileira, o KC-390 Millennium, que tem capacidade para lançar 12 mil litros de água contra as chamas. Essa aeronave é equipada com um dispositivo chamado Sistema Modular Aerotransportável de Combate a Incêndios (MAFFS, do inglês Modular Airborne Fire Fighting System). Essa máquina funciona como uma espécie de tanque que é abastecido com a água usada para apagar o fogo nos lançamentos. A capacidade de armazenamento no MAFFS é de 12 mil litros. Além disso, foram usadas também outras aeronaves, como helicópteros do Exército e da Marinha.

As regiões mais propícias a receber correntes de vento com fuligem dos incêndios da Amazônia e do Pantanal, conforme o Climatempo, é a porção sul de Goiás, toda Região Centro-Oeste e a Região Sul do País e o oeste do estado de São Paulo e de Minas Gerais. No domingo (25/08) e na segunda-feira (26/08), o Distrito Federal amanheceu coberto por fumaça proveniente de queimadas de outras regiões. O mesmo fenômeno foi registrado em Goiânia (GO) e Belo Horizonte (MG). A possível piora na qualidade do ar é um alerta para cuidados com a saúde. Problemas respiratórios, desidratação e ressecamento são os principais riscos. Especialistas recomendam beber mais água, manter-se na sombra e em locais arejados e usar soro fisiológico, colírios lubrificantes e hidratantes para conter o ressecamento de pele, olhos e narinas. O sol observado no fim da semana passada estava com uma cor anormal: laranja estridente, quase vermelho.

A Universidade de São Paulo (USP) explica que esse fenômeno é causado justamente pela fumaça. A combustão incompleta cria compostos do tipo hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, que são bastante tóxicos, e cinzas. Isso é chamado de material particulado, o que causa a cor laranja do sol, porque dispersa a luz de uma maneira diferente. Esse material é o produto das queimadas que mais causa danos à saúde humana. São micropartículas que são inaladas e vão diretamente para o pulmão, causando problemas respiratórios. Para evitar que isso aconteça, a sugestão é o uso de máscara. Outros compostos formados pelas queimadas são os óxidos de nitrogênio. Quando ocorrem queimadas, o ar aquece, e no ar tem nitrogênio. Assim, se formam os óxidos de nitrogênio, que são irritantes para as vias aéreas e podem formar o ozônio troposférico. Este último produto químico tem alto poder oxidativo, e, por isso, causa prejuízo às plantas.

Quando ocorrem queimadas em áreas de vegetação, como agora, carbono está sendo queimado. O gás carbônico é formado, um dos principais causadores do efeito estufa, além de, em menor proporção, o monóxido de carbono, que é tóxico. Quando inalado, este gás pode impedir o transporte de oxigênio no corpo humano, o que pode ser fatal. Além disso, a fumaça decorrente das queimadas também contém enxofre, um dos principais formadores de chuva ácida. O dióxido de enxofre vira ácido sulfúrico quando em contato com a água. Na hora da chuva, isso altera o pH da água, o que pode causar corrosão na construção civil e afetar as plantas também. Há risco de ocorrer chuva ácida depois dessas queimadas, porque boa parte dos gases emitidos é “limpa” pela chuva. Dez Estados, além de Bolívia, Peru e Paraguai, foram atingidos pela fumaça produzida pelas queimadas espalhadas pelo País, conforme o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.