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02/Sep/2024

Grupo Comodoro pede Recuperação Extrajudicial

O Grupo Comodoro, de Mato Grosso, entrou em recuperação extrajudicial para renegociar com credores dívidas da ordem de R$ 1,65 bilhão. Participam do plano as empresas do grupo Agropecuária Comodoro, Agropecuária Paraguá, Agropecuária Três Irmãos, JAJ Sociedade Agrícola e Pecuária e Senepol Beef - Pecuária, Comércio, Exportação e Importação, além do produtor João Arantes Neto, do empresário Ricardo Borges Arantes e do espólio de João Arantes Júnior. No início de agosto, a juíza da 1ª Vara Cível de Cuiabá, homologou a recuperação extrajudicial e suspendeu, por 180 dias, as ações na Justiça de execução e cobrança de dívidas do grupo. Nesse período, os gestores do grupo vão desenvolver um plano para quitar as dívidas e reverter a situação de crise. A juíza também nomeou como administradoras judiciais a SCZ - Scalzilli Administração Judicial e a Hazak Consultoria. O escritório Finocchio & Ustra Advogados informou que o plano teve adesão de credores que detêm mais de 50% do valor das dívidas. No processo de recuperação extrajudicial não entram dívidas tributárias, e a empresa não tem dívidas trabalhistas.

Ao todo, o passivo do grupo com instituições financeiras soma R$ 959,9 milhões. O pedido de recuperação extrajudicial baseia-se na necessidade de reestruturação financeira do grupo, após anos de crise financeira. Do montante total, R$ 224,8 milhões são dívidas com garantia e R$ 1,43 bilhão são dívidas sem garantias. A maior dívida do grupo, de R$ 608,7 milhões, é com a Roma Fundo de Investimento em Direitos Creditórios. Também estão entre os maiores credores os bancos Original do Agronegócio (R$ 104 milhões), BTG Pactual (R$ 83,9 milhões) e Safra (R$ 30 milhões), além de Invest Business - Consultoria, Assessoria, Intermediação e Corretagem (R$ 151,8 milhões) e BRF (R$ 50,6 milhões). A história do Grupo Comodoro começou em 1972, quando o pecuarista João Arantes Júnior comprou a fazenda Nova Vida, em Ariquemes (RO), para fazer cria, recria e engorda de bois. O produtor foi pioneiro na criação da raça Senepol no Brasil. Mais tarde, Arantes Júnior levou a produção para Mato Grosso. Na década de 1990, o produtor passou a investir também em melhoramento genético, inseminação artificial, manejo florestal e comércio madeireiro.

No passado, o grupo fez investimentos substanciais em infraestrutura e capital de giro. Mas, nos últimos anos, a companhia sofreu com o impacto da queda dos preços do boi gordo e do aumento dos custos operacionais. Atrasos nos pagamentos de empréstimos fizeram o Comodoro perder crédito com bancos parceiros. As instituições financeiras executaram garantias, e o grupo perdeu cabeças de gado e capital de giro. Pouco a pouco, a atividade de confinamento de bovinos foi sendo reduzida, até que restassem apenas as atividades de reprodução de gado (genética) e manejo florestal, que perduram até os dias atuais. O primeiro negócio a sofrer com esse quadro foi a Agropecuária Nova Vida, que entrou em recuperação judicial em 2019, com dívidas concursais de R$ 253,7 milhões. Na ocasião, a empresa alegou que passou a ter problemas financeiros decorrentes da crise no setor agropecuário, da queda dos preços dos bois e da alta significativa dos insumos e dos juros, que elevaram seu endividamento. A empresa conseguiu sair da recuperação judicial em 2023.

No entanto, a interdependência das empresas do grupo, que compartilham garantias cruzadas e operam de forma simbiótica, fez com que a crise financeira se espalhasse por todo o conglomerado. As dificuldades financeiras persistiram devido à interconexão dos negócios e ao compartilhamento de unidades produtivas, tornando impossível a superação da crise de maneira isolada. Assim, a recuperação extrajudicial do Grupo Comodoro emergiu como a solução necessária para reorganizar as finanças e garantir a continuidade das operações. O grupo vai definir ações para a equalização do passivo e para a retomada suas atividades, com foco na exploração florestal, comercialização de madeira e melhoramento genético da raça Senepol. O conglomerado também pode dispor de ativos para garantir o pagamento de parte das dívidas. O grupo tem mais de 100 mil hectares de terras em Mato Grosso e Rondônia e detém ativos relacionados à exploração florestal, como um volume potencial de 1,5 milhão de metros cúbicos de madeiras comerciais. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.