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13/Sep/2024

Os impactos das queimadas nas culturas perenes

Ainda não há dados atualizados do governo sobre o estrago que a falta de chuvas e as queimadas provocaram no agronegócio, sobretudo nas culturas perenes, aquelas lavouras que demoram vários anos para ter a primeira safra, como café, laranja e cana-de-açúcar. Mas, a Organização das Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana) informa que 100 mil hectares plantados com cana-de-açúcar foram queimados em duas semanas até 4 de setembro, a maior parte no estado de São Paulo. O prejuízo calculado é de R$ 800 milhões. O cenário de clima seco e de falta de chuvas pode ter reflexos na safra futura, mas é cedo para fazer previsões. A consultoria Datagro estima que a safra de cana-de-açúcar 2024/2025 atinja 593 milhões de toneladas, ante projeção inicial de 602 milhões de toneladas. A seca e os incêndios já mudaram o patamar de preços do açúcar no mercado internacional. Nas últimas três semanas, o preço do produto teve valorização na faixa de 5%. Apesar disso, não há escassez de açúcar. Nesta safra, o Brasil deve produzir 39,3 milhões de toneladas, 7,3% abaixo do ano passado. Ainda assim, será uma grande safra.

Em relação ao etanol, as cotações vão continuar com tendência de alta. Neste ano, devido às queimadas, a perspectiva é de uma entressafra prolongada. As usinas, provavelmente, vão encerrar a moagem da cana-de-açúcar em meados de outubro e retomar a atividade só em março ou abril de 2025. A tendência é de que o preço do etanol perca competitividade nesse período. Na laranja, os pomares, que já sentiam as perdas com a doença do greening, agora enfrentam os efeitos da falta de chuvas. Segundo a Associação Brasileira de Citros de Mesa (ABCM), há regiões que convivem com a estiagem desde o fim de março. Em maio, o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), associação mantida pelos citricultores e pela indústria do suco de laranja, projetava que a safra atual (2024/2025) do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo e Sudoeste Mineiro seria de 232,38 milhões de caixas de 40,8 Kg. Com a estiagem, acaba de reduzir a expectativa de produção em 7%, para 215,78 milhões de caixas de 40,8 Kg. Se a estimativa se confirmar, será uma safra quase 30% menor do que a do ano anterior.

Também é a menor safra de laranja em 35 anos, desde 1989, quando foram produzidos 214 milhões de caixas de 40,8 Kg. A escassez do produto fez o preço da laranja in natura disparar. A laranja, que custava R$ 50,00 por caixa de 40,8 Kg na lavoura no ano passado, este ano chega a R$ 120,00 por caixa de 40,8 Kg. Apesar disso, os produtores não estão ganhando dinheiro com os preços altos, já que a produtividade dos pomares está muito baixa. A estiagem é mais preocupante do que o greening (praga que ataca as plantações de laranja). O cenário é preocupante: seca, altas temperaturas e déficit hídrico. Na cafeicultura, a seca também preocupa. A última estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgada em maio, apontava produção em 2024 de 58,81 milhões de sacas de 60 Kg. É um volume 6,8% maior do que a safra de 2023. Desde então houve muitas ondas de calor e falta de chuvas. A colheita terminou em agosto. O Cepea acredita que o volume colhido foi menor do que o inicialmente previsto. Há preocupação em relação à safra que será colhida em 2025.

Como o café é uma cultura bianual, com um ano de produção baixa e o seguinte de produção cheia, a safra de 2025 poderá ser duplamente prejudicada: será naturalmente um ano de baixa produção e ainda vai carregar os efeitos da falta de chuvas na época de florada da planta. Desde o terceiro trimestre do ano passado até o início deste mês, a cotação do café robusta ao produtor vendido no Espírito Santo, por exemplo, cresceu 119,7%. No mesmo período, o preço do café tipo arábica subiu 85,2%. A Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic) lembra que faz quatro anos que o mercado de café vem sendo afetado por problemas climáticos de todos os tipos: geadas, excesso de chuvas e secas. Apesar de as queimadas não terem atingido significativamente o parque cafeeiro nacional, essas ocorrências, combinadas com perspectiva de manutenção do clima seco nos próximos meses, geram insegurança em relação à produção. Tudo isso faz com que o mercado internacional e nacional reaja e os preços aumentem. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.