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13/Sep/2024

Novo instrumento de captação para as seguradoras

As mudanças climáticas e a maior severidade de catástrofes causadas por enchentes, secas e queimadas no Brasil podem fazer deslanchar um novo instrumento de captação para as seguradoras, a Letra de Risco de Seguros (LRS). Criadas pelo Marco Legal da Securitização, mas ainda não usadas, a estimativa é que podem ser um mercado de R$ 20 bilhões. No Brasil, duas emissões estão sendo preparadas e devem ir a mercado em breve, inaugurando esse tipo de operação. Na prática, é uma securitização, em que seguradoras e resseguradoras transferem parte de seus riscos para uma seguradora de propósito específico. Essa empresa, por sua vez, emite os títulos de dívida no mercado de capitais e os oferece para investidores. Segundo o IRB (Re), o potencial da LRS no Brasil é grande. A união do mercado de capitais com o mercado de seguros é a nova fronteia das finanças.

A LRS é inspirada nas Insurance-Linked Securities (ILS), muito comuns nos Estados Unidos, onde existem desde meados dos anos 90, movimentam bilhões de dólares e são essenciais para as seguradoras conseguirem fazer apólices de eventos como furacões e os incêndios na Califórnia (EUA). A estimativa é que lá já respondem por 20% a 25% dos prêmios de resseguro (que são os prêmios que as seguradoras repassam para as resseguradoras). Além dos Estados Unidos, em outros países da América Latina, como o México, este tipo de operação já acontece desde 2006. Três fatores podem ajudar a deslanchar a LRS no Brasil: a busca de seguradoras e resseguradoras por capital alternativo para compensar o risco; o mercado de resseguro ficar mais difícil para aceitar novos contrato e renovar antigos, o chamado hard Market; e o interesse de investidores pelo papel por causa da rentabilidade.

Por ora, com a taxa básica de juros em 10,5% ao ano e com tendência de alta em breve, os investidores podem não ter este estímulo. Mas, em ambiente de juros básicos mais normais, o apetite pode ser alto, como já mostrou experiências em outros países. Pela natureza de suas operações, as seguradoras acabam ficando muito exportas às tragédias climáticas. Seja ao segurar um carro, um imóvel, um seguro de vida ou apólices mais altas, como em quebras de safras agrícolas e danos em empresas e parques industriais. No Brasil, porém, como nem todo mundo tem seguro, o impacto dos eventos climáticos acaba sendo menor do que nos Estados Unidos e Europa. No seguro de veículos, a estimativa é que em torno de 25% a 30% da frota é segurada; em residências, de 15% a 20%; no seguro agrícola, 8% a 10% da área de lavoura costuma ser segurada.

Por isso, se o impacto econômico da tragédia como as enchentes no Rio Grande do Sul é estimado em mais de R$ 170 bilhões, o que é coberto por seguros é menor, na casa dos R$ 4 bilhões. Se nos Estados Unidos, a perda segurada costuma ser de 60% a 70%, porque o seguro é muito mais difundido, no mercado brasileiro fica ao redor dos 4% a 5%. E se no Brasil havia a percepção no passado de que o País passava longe de tragédias climáticas, como furacões, agora essa percepção mudou de forma importante. A maior frequência e severidade dos eventos em função das mudanças climáticas tem mudado essa percepção. Por isso, cresce o interesse em buscar um seguro, para imóveis e safras agrícolas, por exemplo. E para bancar essas apólices, as seguradoras podem ter que lançar mão do novo título. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.