ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

17/Sep/2024

Queimadas ofuscam discurso verde do Agronegócio

O Brasil chegou ao grupo de trabalho da Agricultura do G20 Brasil com a missão de mostrar a produção agropecuária sustentável desenvolvida por aqui. A busca por modelos de produção mais resilientes e sustentáveis pautaram os debates dos Ministros da Agricultura das 20 maiores economias do mundo, que encerraram no sábado (14/09) na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso. Nos bastidores, contudo, as diversas queimadas registradas no Estado também nortearam as discussões. Mato Grosso foi escolhido para sediar o colegiado de agro do G20 pelo fato de liderar a produção de grãos e carne do País e ter três biomas presentes no território: Pantanal, Cerrado e Amazônia. O Estado produz 100 milhões de toneladas de alimentos por ano e preserva 60% do território original. Queremos continuar dando a nossa contribuição para segurança climática, segurança alimentar e transição energética, disse o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), na abertura do evento.

A seca histórica que atinge Mato Grosso, com mais de 150 dias sem chuva, somada aos inúmeros incêndios florestais registrados no Estado, contudo, contrastaram com esse discurso. Somente na sexta-feira (13/09), o Estado registrou 51 incêndios florestais. Percorrendo 376 Km no Estado ao longo da semana passada, passando pela região de São José do Rio Claro, Diamantino, Cuiabá e Chapada dos Guimarães, em todos os trechos havia rastros da destruição do fogo sobre a vegetação com a maior parte da floresta à beira da estrada queimada. Na sexta-feira (13/09), na Chapada dos Guimarães, ocorreram dois focos de incêndio. A situação das queimadas foi presenciada por todas as 43 delegações que participaram do G20 agro. Representantes de outros países minimizavam o mal-estar e alegavam que a emergência climática é uma realidade global, mas a fumaça adentrava no centro de convenções onde o evento foi realizado e encobria o céu da Chapada dos Guimarães.

Mato Grosso busca dissociar os incêndios da atividade agropecuária e classifica como "desastre ambiental". "Os incêndios estão acontecendo no Brasil inteiro. Os incêndios estão acontecendo no mundo inteiro. Os Estados Unidos estão pegando fogo, na Califórnia, em estados mexicanos, na Europa. Se for prejudicar a imagem não seria só de Mato Grosso", justificou o governador do Estado. O governo estadual decretou estado de emergência em virtude da seca severa e dos incêndios florestais em mais de 50 municípios. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que Mato Grosso liderou em número de focos de incêndio acumulados de janeiro a agosto deste ano, com 24.880, dos 123 mil focos registrados em todo o País. No último mês, foram detectados 13.610 focos de incêndio em Mato Grosso, de 69 mil reportados no Brasil.

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que a possibilidade de queimadas já havia sido alertada pela inteligência federal. Para ele, as queimadas mostram a realidade enfrentada e revelam a urgência da necessidade de medidas de adaptação climática. “Era um risco calculado. Não podemos fugir dos fatos. Infelizmente, em qualquer Estado que fosse realizado o G20 hoje também estaria com fumaça e com queimadas. 25 Estados brasileiros estão nessa situação e outros países também”, afirmou o ministro. “É um fato concreto que nos chama para mudanças nas formas de conduzir a agropecuária mundial. E, sem sombra de dúvida, não se trata também de procurar culpados”, acrescentou o ministro. Por fim, a sustentabilidade permeou o compromisso conjunto dos 20 países. Combate ao desmatamento e redução das emissões de carbono na atividade agropecuária estão entre os desafios, sem cortina de fumaça. Fonte: Broadcast Agro.