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09/Oct/2024

Agravamento da crise climática está mais acelerado

Em meio a um agravamento da crise climática ainda mais acelerado do que o previsto, as metas de redução de emissões precisam ser mais ambiciosas e alcançadas em menor tempo. Nesse contexto, o Brasil tem grande potencial para liderar esse movimento no mundo, especialmente se chegar ao carbono zero até 2040, não 2050. Essa atuação poderia ser traduzida por algumas palavras-chave, como adaptação, transição energética e economia circular, segundo os especialistas e representantes da indústria. O climatologista Carlos Nobre, uma das principais referências internacionais na área, alertou que a possível manutenção de 2050 como o ano a se alcançar a neutralização das emissões, o que está sendo pactuado desde o Acordo de Paris (2015), é um risco total.

Espera-se que essas metas sejam revistas na COP brasileira, enquanto a edição deste ano, em Baku, no Azerbaijão, tende a ser centrada em financiamento climático. Por outro lado, o governo brasileiro tem sinalizado que pode anunciar metas próprias mais ambiciosas ainda neste ano. A COP30 será a mais importante. Vai ser a mais desafiadora. E o Brasil tem todas as condições de ser o primeiro país a zerar as emissões. Segundo Nobre, se for zerar as emissões líquidas em 2050, o mundo vai passar dos 2°C de elevação da temperatura média global. A estimativa é de que essa elevação poderia chegar até a 4°C se as emissões não forem suficientemente neutralizadas. O climatologista mencionou também o potencial de disseminação de doenças, a exemplo do aumento de casos do vírus oropouche na Amazônia. Se continuar degradando florestas tropicais, vai gerar uma ou duas pandemias por década.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) tem ampliado a participação nas COPs, pois as empresas têm demonstrado mais interesse. Muitas entidades, não só da base industrial, mas de outros setores, querem participar. O projeto de regulamentação do mercado de carbono amadureceu. Depois das eleições, tem um pequeno espaço (antes da COP29, que começa em novembro) para tentar ver esse texto ser aprovado. A COO da Hydro Bauxita & Alumina tem metas de zerar emissões até 2050, com discussão interna de antecipar para 2040. E destacou a importância de redução de passivos, como a reabilitação ambiental, buscando a chamada “natureza positiva”, com um reflorestamento maior do que o gerado. A ONG Imaflora ressaltou a necessidade de que uma possível nova meta climática brasileira aponte caminhos para que seja alcançada. O ponto para ficar de olho é sobre planos de implementação e ação.

A ideia-chave é como serão implementadas essas metas. As soluções passam em grande parte pelo uso da terra, como redução do desmatamento, recuperação da cobertura florestal, transição para sistemas agroalimentares mais sustentáveis e melhor manejo de resíduos nas cidades. De acordo com Carlos Nobre, o Brasil tem um perfil de emissão que facilita a neutralização das emissões, das quais cerca de 18% são ligadas a combustíveis fósseis, enquanto o restante é advindo do desmatamento e dos setores agropecuários, majoritariamente. Segundo o climatologista, a temperatura global segue 1,5°C acima da média calculada de 1850 a 1900 ao longo de cerca de 15 meses. Se seguir nesse patamar em 2025, significará possivelmente uma consolidação dessa elevação, e não um fenômeno temporariamente intensificado pelo El Niño. Ou seja, seria uma antecipação do que estava antes previsto para ocorrer entre 2028 e 2030.

A temperatura continua alta, os oceanos bateram recordes de temperaturas, o Atlântico Norte bateu todos os recordes da sua história, o mar de gelo próximo da Antártica acelerou muito nos últimos anos. Tudo isso está traz uma preocupação grande. A ciência vinha dizendo, mas talvez a população não tenha percebido: quando chega a 1,5°C, as ondas de calor, as secas, as inundações, o fogo, aumentam exponencialmente. E foi o que aconteceu. Se atingir 1,5°C agora, com esse critério (meta global atual), talvez se chegue a 2050 com 2,5°C. Se o mundo atingir 2,5°C, dispara o que se chama de pontos de não retorno negativos. A Amazônia será perdida, grande parte do solo congelado da Sibéria e do norte do Canadá serão descongelados, mais de 500 bilhões de toneladas de gás do efeito estufa serão emitidos. E, se isso acontecer, corre-se o risco de, no fim deste século, chegar com 3°C, até 4°C de aquecimento. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.