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10/Oct/2024

Inflação sente impactos dos problemas climáticos

De acordo com dados divulgados nesta quarta-feira (09/10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou setembro com alta de 0,44%, ante uma redução de 0,02% em agosto. A taxa acumulada pela inflação no ano foi de 3,31%. O IPCA acumulado em 12 meses ficou em 4,42%. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve elevação de 0,48% em setembro, após uma redução de 0,14% em agosto. Como resultado, o índice acumulou uma elevação de 3,29% no ano. A taxa em 12 meses foi de 4,09%. Em setembro de 2023, o INPC tinha sido de 0,11%. O INPC mede a variação dos preços para as famílias com renda de um a cinco salários-mínimos e chefiadas por assalariados. O IPCA fechou agosto com queda de 0,02%, ante um avanço de 0,38% em julho. O INPC teve queda de 0,14% em agosto, após uma elevação de 0,26% em julho.

A alta de 0,44% registrada pelo IPCA em setembro de 2024 foi o resultado mais elevado desde maio de 2024, quando subiu 0,46%. Considerando apenas meses de setembro, a taxa foi a mais alta para o mês desde 2021, quando avançou 1,16%. Em setembro de 2023, a taxa tinha sido de 0,26%. Como consequência, a taxa acumulada em 12 meses acelerou, passando de 4,24% em agosto para 4,42% em setembro. A meta de inflação perseguida pelo Banco Central em 2024 é de 3,0%, com teto de tolerância de 4,50%. O grupo Alimentação e bebidas saiu de uma redução de 0,44% em agosto para um avanço de 0,50% em setembro. O grupo contribuiu com 0,11% para a taxa de 0,44% do IPCA do último mês. A alimentação no domicílio aumentou 0,56% em setembro. Ficaram mais caros o mamão (10,34%), laranja-pera (10,02%), café moído (4,02%) e contrafilé (3,79%). Na direção oposta, houve quedas de preços na cebola (-16,95%), tomate (-6,58%) e batata inglesa (-6,56%).

A alimentação fora do domicílio aumentou 0,34% em setembro. O lanche subiu 0,67%, enquanto a refeição fora de casa avançou 0,18%. O índice de difusão do IPCA, que mostra o percentual de itens com aumentos de preços, se manteve em 56% em setembro, ante também 56% em agosto. A difusão de itens alimentícios passou de 49% em agosto para 59% em setembro. A difusão de itens não alimentícios saiu de 62% em agosto para 55% em setembro. Os gastos das famílias com Transportes passaram de uma estabilidade (0,00%) em agosto para uma elevação de 0,14% em setembro. O grupo deu uma contribuição de 0,03% para a taxa de 0,44% registrada em setembro. O avanço no grupo foi influenciado pela alta de 4,64% das passagens aéreas, um impacto de 0,03% no IPCA. Os combustíveis recuaram 0,02%. Houve quedas na gasolina (-0,12%) e óleo diesel (-0,11%). Porém, os preços subiram para o etanol (0,75%) e o gás veicular (0,03%).

As famílias brasileiras gastaram 1,80% a mais com Habitação em setembro, uma contribuição de 0,27% para a taxa de 0,44% registrada pelo IPCA no mês. A energia elétrica residencial passou de um recuo de 2,77% em agosto para uma elevação de 5,36% em setembro, item de maior impacto sobre o IPCA do mês, 0,21%. O avanço foi devido ao acionamento da bandeira tarifária vermelha patamar 1, que acrescenta R$ 4,463 a cada 100 quilowatt-hora consumidos. A taxa de água e esgoto aumentou 0,08%. O gás de botijão subiu 2,40% em setembro. O gás encanado avançou 0,02%. Seis dos nove grupos que integram o IPCA registraram altas de preços em setembro. Houve deflação em Artigos de residência (queda de 0,19% e impacto de -0,01%), Despesas pessoais (-0,31% e impacto de -0,03%) e Comunicação (-0,05% e 0,00%). Os aumentos foram registrados em Alimentação e bebidas (0,50%, impacto de 0,11%), Saúde e cuidados pessoais (0,46%, impacto de 0,06%), Vestuário (0,18% e impacto de 0,01%), Habitação (1,80%, impacto de 0,27%), Educação (0,05%, impacto de 0,00%) e Transportes (0,14% e impacto de 0,03%).

Todas as 16 regiões investigadas registraram altas de preços em setembro. A alta de 5,36% na energia elétrica residencial exerceu a maior pressão sobre a inflação de setembro, uma contribuição de 0,21% para a taxa de 0,44% registrada no mês. Figuraram ainda no ranking de principais pressões sobre o IPCA de setembro o gás de botijão (0,03%), passagem aérea (0,03%), plano de saúde (0,02%), perfume (0,02%), café moído (0,02%) e contrafilé (0,02%). Na direção oposta, o principal alívio partiu do cinema, teatro e concertos, com queda de preços de 8,75% e influência de -0,04%. Houve contribuição negativa também da cebola (-0,03%), seguro voluntário de veículos (-0,02%), batata-inglesa (-0,02%) e tomate (-0,01%). Os aumentos de preços que resultaram nas principais pressões sobre a inflação do País em setembro foram consequência de distúrbios climáticos. Os avanços foram liderados pelos aumentos de 5,36% na energia elétrica e de 0,50% em alimentação e bebidas.

Os principais impactos positivos no mês de setembro, tanto por parte da energia elétrica quanto no caso das carnes e frutas, foram resultado dos fatores climáticos, que contribuíram para a alta de preços. A alimentação no domicílio ficou 0,56% mais cara em setembro. Houve aumentos nos preços do mamão (10,34%), laranja-pera (10,02%), café moído (4,02%) e contrafilé (3,79%). A oferta dessas frutas está sendo menor porque as lavouras estão sendo afetadas pelas secas. As frutas ficaram 2,79% mais caras em setembro. O subgrupo carnes registrou aumento de 2,97%, a maior alta desde dezembro de 2020, quando avançou 3,58%. Em 2024, os preços da carne bovina registraram queda na maior parte do primeiro semestre, principalmente devido à maior oferta do produto. A estiagem reduziu a qualidade da pastagem, então há aumento de preços de bovinos em setembro. Isso afeta também o preço do leite longa vida. O clima mais seco, a estiagem e as queimadas contribuem para uma redução da oferta dos produtos alimentícios. Menor incidência de chuvas que afeta a produtividade das lavouras e a ocorrência de queimadas é um fator que também contribui para reduzir a oferta dos produtos.

Além disso, o período atual já é de entressafra para as carnes. A ausência de chuvas e o clima seco intensificaram essa entressafra. Houve uma maior quantidade de abates ao longo do primeiro semestre. Então agora nesse período de entressafra, período de inverno, teve uma intensificação da questão climática. Quanto à energia elétrica, a alta no custo em setembro foi puxada pela mudança da bandeira tarifária verde para bandeira vermelha patamar 1. Em outubro, foi acionada a bandeira vermelha patamar 2, o que voltará a pressionar o gasto das famílias com energia. A bandeira tarifária é apenas um dos componentes que incidem sobre o cálculo dos gastos com a conta de luz. No que diz respeito ao componente bandeira tarifária, de fato, em outubro a gente vai ter mudança para a bandeira vermelha patamar 2. Então, vai passar de cobrança de R$ 4,46 para R$ 7,87 a cada 100 Kw/h consumidos. Na passagem de agosto para setembro, passou de R$ 0 para R$ 4,46 a cada 100 Kw/h.

Segundo o Bradesco, o resultado do IPCA de setembro surpreendeu para baixo e confirmou as principais expectativas para os números de inflação, alta de alimentação, repasse cambial dentro do padrão histórico e serviços em desaceleração gradual. Esse movimento é importante por si só, mas especialmente em um momento em que o crescimento tem surpreendido para cima, com mercado de trabalho aquecido. Nos cálculos do Bradesco, os bens industriais subiram 3,7% na média móvel trimestral anualizada e dessazonalizada, liderados pelos bens duráveis, que aumentaram 3,2% na mesma métrica. Parte dessa alta dos bens industriais é explicada pelo câmbio mais depreciado, em repasse bastante similar ao padrão histórico. Segundo o Banco Inter, a despeito das pressões dos itens mais voláteis no IPCA de setembro, a leitura é de uma dinâmica inflacionária ainda benigna, com os núcleos e os serviços bem-comportados, sem indicar reaceleração. Apesar do resultado pressionado, a média dos núcleos recuou na margem, de 0,24% para 0,22%, sugerindo que o comportamento dos itens mais voláteis não tem sido transmitido para o restante dos preços, com a média dos núcleos ficando estável no acumulado em 12 meses, em 3,81%.

O comportamento dos grupos Habitação (1,80%) e Alimentação e bebidas (0,50%), principais vetores de alta para o IPCA do mês, veio dentro do esperado, atrelado à energia elétrica residencial e alimentação no domicílio, respectivamente. Além disso, a inflação de serviços recuou frente a agosto, saindo de 0,24% para 0,15%, com grande contribuição da inflação de serviços subjacentes, que, assim como no IPCA-15, ficou próxima da estabilidade (0,01%). A expectativa é de continuidade de pressões de itens mais voláteis, com um novo aumento na bandeira tarifária em outubro e a persistência da seca. Entretanto, caso o governo consiga entregar a meta fiscal esse ano, haverá um menor impulso fiscal no último trimestre que deve contribuir para o bom comportamento dos núcleos e da inflação de serviços, que não se mostram muito sensíveis, nesse momento, ao ritmo acima do esperado da atividade econômica. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.