16/Oct/2024
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), a reunião de ministros de comércio das 20 maiores economias do mundo (G20), que ocorre na próxima semana, em Brasília, deve se encerrar sem o tradicional comunicado do encontro. O grupo trabalha, porém, pela publicação de um anexo que deve ser encaminhado para acompanhar a declaração após o encontro de líderes, nos dias 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro. Basicamente haverá as principais conclusões dos quatro temas. É algo enxuto. Os quatro principais focos das reuniões ligadas ao comércio no G20 são: comércio e desenvolvimento sustentável, mulheres no comércio, investimento e desenvolvimento sustentável e mudanças na Organização Mundial do Comércio (OMC). A intenção do grupo é a de que esses temas ganhem espaço no communiqué final do G20, assinado pelos chefes de Estado e de governo e que apêndices mais detalhados acompanhem a declaração.
Não vai ser um comunicado dos ministros de comércio, mas será feito um anexo do que os ministros de comércio do G20 submetem aos líderes e, depois, apêndices, que são outros documentos mais detalhados. O encontro do dia 24 de outubro será presidido pelo vice-presidente e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin, após quatro reuniões e nível técnico no G20. O primeiro dos quatro pontos é mais ambicioso. A conexão entre comércio e desenvolvimento sustentável veio para ficar, e é possível que os países membros do G20 acordem parâmetros a respeito de como fazer com que essa relação seja de apoio mútuo, que uma agenda contribua para a outra e vice-versa. O papel do Brasil no G20 não é dar espaço apenas para tópicos em que há convergência. O objetivo não é apontar o dedo, mas olhar para a frente e viabilizar um consenso a respeito de princípios que deveriam nortear a adoção de medidas que estão nessa interseção entre comércio e desenvolvimento sustentável.
Como exemplo, o grupo abordará a necessidade de medidas que devem ser transparentes, baseadas em ciência, envolver consultas aos stakeholders, setor privado e sociedade civil, entre outros. É preciso avançar na definição de parâmetros, de princípios que norteiam essa adoção e implementação de medidas que se inserem nessa interseção. O trabalho é muito desafiador porque muitos países se sentem na defensiva em relação a esse ponto. Outros, porém, são mais vocais em determinadas agendas, como a que reconhece que as circunstâncias são diferentes dependendo do estágio de desenvolvimento econômico do país. São olhares muito diferentes para um tema. Mas, quando o Brasil propôs isso como prioridade, ninguém negou que era um tema importantíssimo. Todos reconhecem a importância, mas, ao mesmo tempo, seu nível de ambição, que é elevado. Sobre a participação das mulheres no comércio, há um avanço gratificante. A reunião ministerial de comércio vai apresentar, em parceria com o B20 (grupo da área de negócios) uma pesquisa com países do G20 para identificar as dificuldades da inserção das mulheres no comércio, como, por exemplo, a maior dificuldade de obter financiamentos.
O objetivo é obter é um compêndio de melhores práticas dos países do G20 a respeito de como enfrentar os obstáculos que impedem uma maior participação das mulheres no comércio. No tema investimentos e desenvolvimento sustentável, o G20 fez um mapeamento dos dispositivos sobre desenvolvimento sustentável em acordos. Mostra-se como as coisas evoluíram ao longo do tempo e qual é o estado da arte hoje sobre, por exemplo, compromissos de ESG em acordos de investimentos, compromissos de investidores no desenvolvimento sustentável de investimentos. O quarto ponto é a reforma da OMC. Apesar de a OMC ser formada por 164 países e o G20, menor, o grupo tem o poder de dar impulso político às discussões que necessariamente passam pela própria organização. É algo absolutamente necessário para que haja um avanço em Genebra. É um tema complexo, mas o Brasil vai insistir. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.