22/Oct/2024
Finalmente "choveu geral", como a gente comenta no campo quando as chuvas atingem a maior parte das regiões produtoras. Agricultores de todo o País que ainda não tinham sido agraciados por São Pedro e que estavam angustiados com o atraso das águas correm a lubrificar suas máquinas e equipamentos, a carregar com insumos as suas carretas, a regular as plantadeiras e a cumprir a missão que escolheram: plantar, mais uma vez. Embalada com essas alvíssaras, a Conab anunciou no final da semana passada suas expectativas quanto à safra de grãos que vai sendo semeada. Com otimismo, informa que a área plantada deve crescer 1,9% em relação ao ano passado, devendo atingir 81,34 milhões de hectares, já considerados os plantios de inverno. Com a ausência agora do El Niño que judiou muito dos produtores na safra passada, a Conab acredita num aumento médio de 6,2% da produtividade dos grãos.
Com aumento de área e da produtividade, a projeção é de uma safra de 322,5 milhões de toneladas, 8,3% maior que a anterior e recorde de todos os tempos. A soja deve ser mais uma vez o carro-chefe, chegando a 166 milhões de toneladas, 12,7% a mais que a colhida neste ano. Para o milho, consideradas as safras de verão e de inverno, a produção pode crescer 3,5%, chegando a 119 milhões de toneladas. Naturalmente, sabendo que houve em diversas regiões um pequeno atraso no plantio da soja, a produtividade do milho dependerá muito das condições do clima depois de janeiro. Surpreende a expectativa de um aumento de 9,9% da área plantada com arroz, o que pode trazer uma colheita de 12 milhões de toneladas, 20% a mais do que a deste ano. A produção de algodão deverá repetir a de 2024, ficando em torno de 3,7 milhões de toneladas. Para o trigo, finalmente, há a perspectiva de redução de 6,5% em relação ao ano anterior, devendo cravar algo em torno de 8,2 milhões de toneladas.
Se esses números se confirmarem, e "muita água vai passar debaixo da ponte" até as colheitas todas terminarem, o Brasil estará colaborando vigorosamente com o aumento dos estoques de passagem dos principais grãos consumidos no mundo todo, e, consequentemente, determinando o fim da inflação de alimentos que caracterizou o período da pandemia do "coronavírus" de triste memória. Por outro lado, mesmo com o País cumprindo seus compromissos com o abastecimento pleno do mercado interno e suas metas de exportações, não são esperados preços tão bons quanto os verificados naquele período. Será, portanto, uma safra com um balanço delicado. Alta produção e baixos preços exigem dos produtores uma atenção redobrada: um olho na roça e outro no mercado. Um erro de avaliação em qualquer dos dois pode ser muito ruim. Fonte: Roberto Rodrigues. Broadcast Agro.