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23/Oct/2024

Emissão de CO² poderá ter queda de 78% até 2050

O Observatório do Clima (OC) aponta, em estudo lançado nesta terça-feira (22/10), para uma redução potencial de 78% das emissões de dióxido de carbono equivalente (CO2e) do setor de energia no País no intervalo de 2022 a 2050. O cenário considera um crescimento médio do PIB em 2,1% ao ano, além de diretrizes para áreas como transportes de carga e de passageiros e produção de biocombustíveis. No panorama apresentado, as emissões passariam de 462,9 milhões de toneladas de CO2e em 2022 para 102,1 milhões de toneladas de CO2e em 2050. O estudo mostra, por outro lado, aumento das emissões para 558 milhões se houver continuidade da exploração e uso de combustíveis fósseis, bem como no cenário de ausência de "iniciativas disruptivas" na transição energética.

Para evitar esse prognóstico desfavorável, o Observatório do Clima defende, por exemplo, que o uso de gás e outros combustíveis fósseis na indústria deve ser reduzido em taxa e velocidade definidas de acordo com as características de cada subsetor industrial. O grupo defende a substituição das fontes de energia e cita como exemplo o uso de hidrogênio verde e biomassa. Nos transportes de carga, ferroviário, hidroviário e, especialmente, rodoviário, a transição energética deve ir além da eletrificação das frotas. O relatório sugere a necessidade de explorar outras opções e combinações de combustíveis, como o biodiesel e o diesel verde, já na mira do governo. Cabe ressaltar que o transporte de cargas, majoritariamente rodoviário, continuará sendo, em ambos os cenários (de maior ou menor emissão), a principal atividade emissora do setor de energia.

A atividade é a que apresenta os maiores desafios por conta das dificuldades de eletrificar caminhões pesados e semipesados, seja pelos custos das baterias e de outros componentes, seja pelas longas distâncias percorridas. A maior oportunidade para reduzir as emissões rapidamente está no transporte de passageiros. Para além da substituição da gasolina por etanol nos veículos flex e na gradual eletrificação da frota, o grupo recomenda mudança "dos paradigmas das cidades", com aumento dos investimentos em transporte público coletivo por ônibus, metrô, VLT e na infraestrutura para o uso das bicicletas. Apesar de defender aumento da participação dos biocombustíveis líquidos (etanol, biodiesel e diesel verde) na matriz energética brasileira, além do biogás e do biometano, o estudo aponta para riscos.

A produção em massa pode representar um elemento de pressão ambiental. Se não for controlada, a produção desses biocombustíveis pode provocar mais desmatamento, uso excessivo de água, além de trazer impactos ao solo devido à monocultura extensiva. O grupo defende salvaguardas socioambientais, como o controle de quais áreas e quais recursos devem ser empregados para produzir essas fontes, além de regulamentar zonas de exclusão, como a Floresta Amazônica. É importante ressaltar que áreas já degradadas e que não sofram estresse hídrico precisam ser usadas de forma prioritária para o plantio de cana-de-açúcar, soja, milho e outras culturas. A redução das emissões deverá ser relativamente lenta até 2040, tendo em vista o aumento do uso de biodiesel e eletrificação parcial, concentrada em caminhões médios e leves.

A partir de 2040, contudo, esse processo deve ser acelerado com a maior inserção do diesel verde. O relatório mostra que é possível reduzir o uso de combustíveis fósseis mesmo num cenário de crescimento econômico. A instituição defende que o Brasil defina como Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) a redução 92% das emissões líquidas até 2035, em relação aos níveis de 2005. Seria uma atualização da proposta adotada no âmbito do Acordo de Paris. A atual NDC do Brasil inclui os objetivos de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 53% até 2030 e de zerar as emissões líquidas até 2050. O Observatório do Clima, fundado em 2002, conta com 119 integrantes, entre ONGs ambientalistas, institutos de pesquisa e movimentos sociais. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.