24/Oct/2024
O Fundo Monetário Internacional (FMI) traçou um cenário mais sombrio para as contas públicas no Brasil em meio a temores quanto aos riscos de uma crise fiscal. O peso da dívida pública no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deverá saltar mais de 10% durante Lula 3. E há ceticismo quanto às chances de o governo entregar a casa em ordem, ou seja, com superávit primário, o que deve ocorrer somente a partir de 2027. A dívida pública do Brasil como proporção do PIB deverá avançar de 83,9% no fim de 2022, para 94,7% em 2026. Se esse cenário se materializar, representará uma piora de 10,8% do indicador, que é bastante utilizado por investidores antes de alocarem recursos em um país. Além disso, será o pior quadro fiscal no Brasil desde 2020, quando a situação das contas públicas foi agravada pelos gastos na pandemia. As novas projeções constam do relatório Monitor Fiscal, publicado nesta quarta-feira (23/10), em paralelo às reuniões anuais do FMI, que acontecem nesta semana em Washington, nos Estados Unidos. A deterioração fiscal será gradual no País.
O peso da dívida pública no PIB doméstico chegará a 87,6% neste ano, pior do que a sua estimativa anterior, de 86,7%, de abril último. No próximo ano, o indicador deve chegar a 92,0%. Ao continuar se endividando mais, o Brasil seguirá em uma situação pior do que a de seus pares emergentes, cuja média estimada é de 70,8% neste ano e de 75,0% em 2026. Levando em conta as projeções do FMI para 2024, a dívida do Brasil como proporção do PIB só perde para países como China, Egito, Ucrânia, Bahrein e Argentina. A dívida bruta como proporção do PIB é considerada um dos principais indicadores de solvência de um país e avaliado de perto pelas agências de classificação de risco. O FMI calcula o indicador de forma diferente, considerando os títulos do Tesouro detidos pelo Banco Central, que não são contabilizados pelo governo brasileiro porque adota uma medida que possa ser comparável entre os demais países. Mas, há menos pessimismo quanto às metas fiscais do País em 2024.
O Brasil deve ter déficit primário de 0,5% do PIB neste ano, menor que o de 0,6%, divulgado no relatório anterior, de abril. Para 2025, porém, mais do que dobrou a sua projeção de déficit primário, para 0,7% do PIB ante 0,3%. O Brasil não conseguirá voltar ao azul com Lula 3. Em 2026, último ano de sua gestão, o País ainda deve estar no vermelho, com déficit primário de 0,6%. O pivô deve ocorrer somente a partir de 2027, quando o Brasil é esperado para entregar superávit primário de 0,1% do PIB. As projeções mais pessimistas são reveladas enquanto a equipe econômica está debruçada em um pacote de corte de gastos, previsto para ser anunciado após o retorno do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao Brasil. Ele está em Washington nesta semana para participar das reuniões anuais do FMI e de compromissos relacionados ao G20, do qual o Brasil detém a presidência neste ano. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.