31/Oct/2024
Com o fim do bônus demográfico e a expansão da chamada "economia prateada", o padrão de consumo passará por mudanças relevantes. Alguns segmentos do comércio de bens e serviços vão diminuir e até mesmo serem extintos. A boa notícia é que o crescimento da população idosa pode abrir novas oportunidades de mercado, com demanda por produtos e serviços específicos para esse grupo etário. É para esse novo cenário que se desenha que chama a atenção o estudo "Transição Demográfica e Consumo", elaborado pela Assessoria Técnica da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Se o País for precavido e planejar essa transição que já está em andamento a passos rápidos, a sociedade pode se beneficiar ao valorizar a experiência e o conhecimento acumulado dos idosos, promovendo programas de mentoria e voluntariado.
O Brasil já passou pelas primeiras três fases e atualmente está na quarta da transição demográfica. Nessa etapa, as taxas de natalidade têm diminuído de forma constante nas últimas décadas, enquanto a expectativa de vida aumentou significativamente. Esse período tem sido considerado como o fim do bônus demográfico e é imprescindível que a sociedade se prepare para mudanças econômicas, sociais, de consumo, de oferta e inclusive de Previdência Social. O envelhecimento da população, entre outras implicações, ameaça a sustentabilidade previdenciária, já que o aumento no número de aposentados coloca pressão sobre a Previdência Social, exigindo reformas para garantir sua sustentabilidade. Do ponto de vista econômico, tudo mais constante, o crescimento começa a desacelerar, já que uma proporção menor da população estará em idade ativa e outra crescente saindo da força de trabalho.
Tudo isso resulta em uma menor taxa de crescimento econômico, a menos que haja ganhos significativos em produtividade, ainda não contemplados no horizonte. No mercado de trabalho, haverá uma necessidade crescente de políticas que promovam a inclusão dos idosos, aproveitando sua experiência e conhecimento. A demanda por serviços de saúde e cuidados de longo prazo aumentará significativamente, exigindo mais recursos e infraestrutura adequada. Com menos jovens para cuidar dos idosos, as famílias podem enfrentar maiores pressões e haverá uma necessidade crescente de serviços de apoio e cuidado formal. Ainda, com o aumento da população idosa, a demanda por medicamentos, vitaminas e suplementos tende a crescer.
Haverá maior necessidade de serviços médicos especializados, clínicas geriátricas e cuidados de longo prazo. É inevitável a transformação de alguns segmentos e o desaparecimento de outros para que novos nasçam. Em 2015, o então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, recebeu críticas por, baseado em um levantamento da Fundação Seade, ter proposto o fechamento de salas de aulas. Dizia o levantamento que entre 2000 e 2014 a rede escolar havia perdido 1,8 milhão de alunos. O Alckmin estava corretíssimo. Vai sobrar salas de aulas para crianças e jovens e vai faltar espaços para casas de repousos. Não vai mais vender fraldas para crianças e sim geriátricas. Tudo isso vai acontecer.
O estudo aponta que demandas surgirão no segmento de tecnologia de assistência para produtos como aparelhos auditivos, cadeiras de rodas e dispositivos de monitoramento de saúde. Também será crescente mercado para reformas que tornam as casas mais acessíveis para idosos, como corrimãos, rampas e banheiros adaptados. Com isso, o público das lojas de materiais de construção deve mudar, assim como os serviços de arquitetura especializados. A demanda por habitações com serviços de assistência, como residências para idosos e apartamentos com serviços de cuidado, crescerá. Essa tecnologia já existe e seu uso, apesar de ainda muito restrito, está escalando. Serviços de transporte adaptados às necessidades dos idosos, incluindo transporte público acessível e serviços de táxi ou caronas especializados, serão mais procurados. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.