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01/Nov/2024

Mudanças climáticas impactam na saúde humana

De acordo com o 8º relatório anual de indicadores do Lancet Countdown on Health and Climate Change, no ano passado, as pessoas foram expostas, em média, a 50 dias a mais de “calor perigoso à saúde” do que seria esperado sem as mudanças climáticas. A referência considera os dias nos quais a temperatura ultrapassou um “limite ideal” e, com isso, há aumento no risco de eventos adversos em saúde e mortes. A mortalidade relacionada ao calor entre pessoas com mais de 65 anos atingiu novo recorde. Financiado pela Wellcome Trust, instituição filantrópica britânica, e desenvolvido em estreita colaboração com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o relatório ganha uma edição a cada ano desde que o Acordo de Paris de 2015 foi firmado, um compromisso global para evitar o aquecimento de 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais até 2100.

De acordo com os pesquisadores, esta edição revela os achados mais preocupantes até agora nos oito anos de monitoramento da colaboração. As políticas e ações atuais, se mantidas, colocam o mundo em um caminho para um aquecimento de 2,7°C até 2100. Portanto, os impactos vistos até agora podem ser apenas o começo de um futuro cada vez mais perigoso. Segundo a OMS, a análise mostra que as mudanças climáticas não são perigo distante, mas risco imediato à saúde. Segundo a University College London, nenhum indivíduo ou economia no planeta está imune às ameaças à saúde provenientes das mudanças climáticas. Apesar dessa ameaça, os recursos financeiros continuam sendo investidos em coisas que prejudicam a saúde.

Os pesquisadores defendem que os trilhões de dólares que são direcionados à indústria de combustíveis fósseis todos os anos sejam usados para promover uma transição justa e equitativa para a energia limpa e eficiência energética. Pessoas em todas as partes do mundo estão sofrendo cada vez mais com os efeitos financeiros e de saúde das mudanças climáticas, e as comunidades desfavorecidas em nações com recursos limitados são muitas vezes as mais afetadas, mas recebem as menores proteções financeiras e tecnológicas. Em 2023, a temperatura média global da superfície ultrapassou todos os recordes, alcançando 1,45 °C acima dos níveis pré-industriais. E novos recordes foram registrados ao longo de 2024: entre maio de 2023 e abril deste ano, a temperatura ficou em 1,61 °C.

Com isso, a mortalidade por calor de pessoas com 65 anos ou mais aumentou 167%, um recorde em comparação com o registrado na década de 1990. O índice é mais do que o dobro do que a taxa esperada de 65% se as temperaturas não estivessem subido desse jeito. Por ora, no mundo, morre-se mais no frio do que no calor. No entanto, os pesquisadores acreditam que isso vai mudar. Além dos idosos, outro grupo particularmente suscetível aos prejuízos de temperaturas extremas é o de bebês com menos de 1 ano. O relatório também calcula quantos dias por ano, em média, essa parcela mais vulnerável foi exposta a ondas de calor. Em 2023, elas experimentaram uma média recorde de 13,8 dias de ondas de calor por pessoa.

Se a incidência tivesse permanecido constante desde o período 1986-2005, o esperado seria uma média de 4,7 dias, ou seja, 45% menos. Especificamente no Brasil, no período de 2014 a 2023, os bebês com menos de 1 ano e pessoas com 65 anos ou mais experimentaram, em média, um aumento de 250% e 234%, respectivamente, no número de dias de ondas de calor por ano, em comparação com o período de 1986 a 2005. O cenário pede ações de mitigação e adaptação. As primeiras têm a ver com a redução da emissão de gases de efeito estufa, a fim de descontinuar a tendência de elevação das temperaturas acima dos 1,5°C pré-industriais.

As demais consideram alterações irreversíveis que já ocorreram e, por isso, é preciso investir em medidas que ajudem as cidades a evitarem perdas humanas e a interrupção de serviços básicos para a população. É importante ressaltar que os indicadores que capturam resultados de saúde sugerem que a adaptação não está acompanhando os crescentes perigos. À medida que os riscos climáticos aumentam, os países precisarão dedicar cada vez mais esforços e recursos para evitar os piores impactos à saúde. De acordo com os pesquisadores, as temperaturas noturnas têm subido mais rapidamente do que as diurnas em várias regiões do mundo, o que aumenta o risco de desfechos de saúde adversos por baixa qualidade do sono.

Os resultados sugerem que temperaturas noturnas elevadas levaram a uma média estimada de 5% mais horas de sono perdidas no período de 2019 a 2023. O recorde foi em 2023, com 6% de horas perdidas. Segundo a OMS, adultos deveriam fazer ao menos 150 minutos semanais de práticas moderadas ou intensas. Mas, o estresse térmico, no qual o corpo sofre para regular a temperatura para excesso de calor externo, pode tanto reduzir a disposição para exercício quanto aumentar os riscos à saúde. Em 2023, houve um recorde: 1.512 horas em que o calor ambiente representava pelo menos um risco moderado de estresse térmico durante exercício leve ao ar livre. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.