01/Nov/2024
Segundo Clarissa Gandour, pesquisadora sênior e coordenadora de avaliação de políticas públicas no núcleo montado em parceria entre a organização Climate Policy Initiative (CPI) e a PUC-Rio e uma das fundadoras do FGV Clima, as mudanças climáticas impõem ao mundo o duplo desafio de tanto frear o aquecimento global, com o combate ao desmatamento e substituição de combustíveis fósseis, como preparar as cidades à realidade dos eventos extremos. Na segunda frente, que trata da resiliência a enchentes e períodos prolongados de seca, o Brasil está "muitas casas atrás" em relação ao trabalho, onde também há desafios relevantes, de mitigação dos efeitos climáticos.
O FGV Clima é um centro de pesquisa lançado em setembro, dentro da Fundação Getúlio Vargas (FGV), com foco em Economia do Clima. Um dos trabalhos é dar apoio técnico ao Ministério de Minas e Energia (MME) na elaboração do plano nacional de transição energética. O Brasil, assim como em geral o resto do mundo, está muito atrasado em relação à adaptação climática, uma constatação irrefutável diante da catástrofe provocada pelas enchentes no Rio Grande do Sul em maio.
É um território muito menos familiar e com desafio enorme na agenda de adaptação. É necessário dedicar muito recurso financeiro, capital humano, discussão, atenção, capital político, para estruturar essa agenda. Um estudo das Nações Unidas calcula em US$ 215 bilhões a US$ 387 bilhões por ano os investimentos necessários em adaptação às mudanças climáticas apenas nas economias em desenvolvimento: o montante é de dez a 18 vezes maior do que o financiamento atualmente disponível.
O mundo está muito diferente, já vivendo os efeitos da crise climática. É preciso pensar, agir, desenhar e ganhar conhecimento na frente de adaptação. Não é uma coisa que vai acontecer daqui a 10 anos, 50 anos, 100 anos. Já está acontecendo. Será necessário haver avanços tanto em financiamento quanto nos compromissos voluntários dos países na redução das emissões durante as conferências sobre mudanças climáticas, as COPs, que acontecerão no mês que vem, no Azerbaijão, e em novembro de 2025, em Belém, no Pará. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.