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06/Nov/2024

Endividamento recua e inadimplência volta a crescer

Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), na Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), o percentual de famílias endividadas recuou em outubro, mas a inadimplência voltou a crescer. Entre as famílias de menor renda, a inadimplência alcançou 37,7%, refletindo o impacto dos juros elevados e das condições de crédito mais restritivas sobre o orçamento dos mais vulneráveis. O aumento da inadimplência, apesar da queda do endividamento, evidencia as dificuldades enfrentadas pelas famílias de menor renda para manter suas contas em dia, em um contexto de juros elevados.

A taxa Selic em patamares altos restringe o acesso ao crédito e dificulta a recuperação financeira, especialmente para os consumidores mais vulneráveis. Projeções da CNC indicam que o endividamento pode voltar a crescer no último trimestre de 2024, impulsionado pelas compras de fim de ano. O crédito tem um papel fundamental no consumo, mas os juros elevados impõem restrições. De acordo com a pesquisa, esse aumento de inadimplência ocorreu apesar de uma redução geral do endividamento, que recuou para 76,9%, semelhante ao nível registrado em outubro do ano passado, indicando maior cautela das famílias com o uso de crédito.

De maneira geral, a inadimplência em outubro atingiu 29,3%, a maior taxa desde outubro de 2023. Além disso, a parcela de famílias que afirmam não ter condições de quitar suas dívidas em atraso aumentou para 12,6%, também o maior índice desde outubro do ano anterior, refletindo um cenário de dificuldade generalizada para os consumidores. A dependência de crédito em um cenário de juros elevados torna a quitação de dívidas um desafio ainda maior para as famílias mais pobres. Com medidas voltadas para a redução de gastos públicos, é possível abrir espaço para uma possível queda dos juros, o que traria um alívio significativo para os consumidores e para a economia como um todo.

As famílias com renda acima de 10 salários-mínimos conseguiram reduzir o endividamento, para 67,1%, e registrou também um dos menores índices de dívidas em atraso, com 14,3%, refletindo uma postura mais conservadora em relação ao uso do crédito. Por outro lado, o endividamento dos mais pobres foi contra a tendência e aumentou de 78,7% em outubro de 2023 para 80,8% em outubro de 2024. No mês, o aumento foi de 0,4%. O cartão de crédito continuou liderando o ranking, com 83,5% das famílias endividadas utilizando essa forma de pagamento em outubro, embora tenha apresentado uma queda em relação aos 87% no mesmo mês do ano passado. Por outro lado, o crédito pessoal registrou aumento, passando de 9,4% em outubro de 2023 para 12% em outubro de 2024, atingindo o maior nível do ano.

Esse aumento reflete uma preferência dos consumidores por modalidades de crédito com taxas mais competitivas em um cenário de juros elevados. Em contraste, o uso de cheque especial caiu para 3,6%, o menor índice desde o início deste ano. O tempo médio de pagamento em atraso entre as famílias inadimplentes subiu para 66 dias em agosto, o maior valor do ano, refletindo a dificuldade das famílias em regularizar suas contas. A parcela média da renda comprometida com dívidas também aumentou, atingindo 29,9% no mês passado, próximo dos maiores níveis registrados ao longo do ano, o que mostra a pressão das dívidas sobre o orçamento familiar. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.