11/Nov/2024
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou outubro em 0,56%, ante 0,44% em setembro. A taxa acumulada pela inflação no ano foi de 3,88%. O IPCA acumulado em 12 meses ficou em 4,76%. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve elevação de 0,61% em outubro, após uma alta de 0,48% em setembro. Como resultado, o índice acumulou uma elevação de 3,92% no ano. A taxa em 12 meses foi de 4,60%. Em outubro de 2023, o INPC tinha sido de 0,12%. O INPC mede a variação dos preços para as famílias com renda de um a cinco salários-mínimos e chefiadas por assalariados.
A alta de 0,56% registrada pelo IPCA em outubro foi o resultado mais elevado desde fevereiro de 2024, quando subiu 0,83%. Considerando apenas meses de outubro, a taxa foi a mais alta para o mês desde 2022, quando avançou 0,59%. Em outubro de 2023, a taxa tinha sido de 0,24%. Como consequência, a taxa acumulada em 12 meses acelerou pelo segundo mês consecutivo, passando de 4,42% em setembro para 4,76% em outubro de 2024, estourando assim o teto da meta de inflação. A meta de inflação perseguida pelo Banco Central em 2024 é de 3,0%, com teto de tolerância de 4,50%.
O grupo Alimentação e bebidas saiu de um avanço de 0,50% em setembro para alta de 1,06% em outubro. O grupo contribuiu com 0,23% para a taxa de 0,56% do IPCA do último mês. A alimentação no domicílio aumentou 1,22% em outubro. Os destaques foram os aumentos nos preços das carnes (5,81%), especialmente nos cortes acém (9,09%), costela (7,40%), contrafilé (6,07%) e alcatra (5,79%). Houve altas também no tomate (9,82%) e no café moído (4,01%). Por outro lado, ficaram mais baratos a manga (-17,97%), o mamão (-17,83%) e a cebola (-16,04%). A alimentação fora do domicílio aumentou 0,65% em outubro. O lanche subiu 0,88%, enquanto a refeição fora de casa avançou 0,53%.
Os gastos das famílias com Transportes passaram de uma elevação de 0,14% em setembro para uma queda de 0,38% em outubro. O grupo deu uma contribuição de -0,08% para a taxa de 0,56% registrada pelo IPCA de outubro. O recuo no grupo foi influenciado pela queda de 11,50% das passagens aéreas, maior impacto negativo sobre o IPCA, -0,07%. Os combustíveis recuaram 0,17%. Houve quedas na gasolina (-0,13%), óleo diesel (-0,20%) e etanol (-0,56%), mas alta no gás veicular (0,48%). Houve reduções também em trem (-4,80%), metrô (-4,63%), ônibus urbano (-3,51%) e integração transporte público (-3,04%) em outubro, em decorrência das gratuidades concedidas à população nos dias das eleições municipais.
As famílias brasileiras gastaram 1,49% a mais com Habitação em outubro, uma contribuição de 0,23% para taxa de 0,56% de outubro. A energia elétrica residencial passou de uma elevação de 5,36% em setembro para uma alta de 4,74% em outubro, item de maior impacto sobre o IPCA do mês, 0,20%. O avanço foi devido ao acionamento da bandeira tarifária vermelha patamar 2. Além disso, houve reajustes tarifários em Goiânia (GO); Brasília (DF) e em uma das concessionárias de São Paulo (SP). Houve reajustes em algumas áreas, porém, o efeito da bandeira vermelha patamar 2 fez com que a energia elétrica fosse o subitem de maior impacto em outubro.
Os gastos das famílias com Saúde e cuidados pessoais passaram de uma elevação de 0,46% em setembro para uma alta de 0,38% em outubro. O grupo deu uma contribuição de 0,05%para a taxa de 0,56% registrada pelo IPCA. O avanço no grupo foi influenciado pela alta de 0,53% no subitem plano de saúde. Houve aplicação de reajustes autorizados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para os planos contratados antes da Lei nº 9.656/98, com vigência retroativa a partir de julho. Desse modo, no IPCA de outubro foram apropriadas as frações mensais dos planos antigos relativas aos meses de julho, agosto, setembro e outubro. O plano de saúde figurou no ranking de maiores pressões sobre a inflação do mês, com contribuição de 0,02%.
Oito dos nove grupos que integram o IPCA registraram altas de preços em outubro. Houve deflação apenas em Transportes (queda de 0,38% e impacto de -0,08%). Os aumentos foram registrados em Alimentação e bebidas (1,06%, impacto de 0,23%), Saúde e cuidados pessoais (0,38%, impacto de 0,05%), Vestuário (0,37% e impacto de 0,02%), Habitação (1,49%, impacto de 0,23%), Educação (0,04%, impacto de 0,00 %), Artigos de residência (0,43%, impacto de 0,02%), Despesas pessoais (0,70% e impacto de 0,07%) e Comunicação (0,52% e 0,02%). Todas as 16 regiões investigadas registraram altas de preços em outubro.
O resultado mais brando foi verificado em Aracaju (SE), 0,11%, enquanto o mais elevado ocorreu em Goiânia (GO), com aumento de 0,80%. A alta de 4,74% na energia elétrica residencial exerceu a maior pressão sobre a inflação de outubro. Figuraram ainda no ranking de principais pressões sobre o IPCA de setembro o cinema, teatro e concertos (0,03%), seguro de veículo (0,03%), contrafilé (0,02%) e costela (0,02%). Na direção oposta, o principal alívio partiu da passagem aérea, com queda de preços de 11,50% e influência de -0,07%. Houve contribuição negativa também do ônibus urbano (-0,04%), cebola (-0,02%), mamão (-0,02%) e manga (-0,02%).
A inflação de serviços, usada como termômetro de pressões de demanda sobre os preços, passou de um aumento de 0,15% em setembro para uma alta de 0,35% em outubro. Os preços de itens monitorados pelo governo saíram de elevação de 1,01% em setembro para 0,71% em outubro. No acumulado em 12 meses, a inflação de serviços passou de 4,82% em setembro para 4,57% em outubro, a mais baixa desde junho de 2024, quando era de 4,49%. Foi a primeira vez desde julho de 2022 que a inflação de serviços ficou abaixo do IPCA geral em 12 meses.
Em julho de 2022, o IPCA acumulado em 12 meses era de 10,07%, enquanto a taxa de serviços em 12 meses foi de 8,87%. No mês seguinte, em agosto de 2022, a inflação acumulada em 12 meses pelos serviços arrefeceu a 8,76%, mas o IPCA desceu mais, a 8,73%. Observa-se uma desaceleração sistemática em serviços desde meados de 2022, embora ainda tenha ficado acima do índice geral. Em outubro, o índice de serviços ficou abaixo do IPCA em 12 meses, e o que contribuiu foi a queda na passagem aérea, embora os serviços estejam contribuindo também para o patamar do IPCA em 12 meses.
A inflação de monitorados em 12 meses saiu de 5,48% em setembro para 6,27% em outubro. O que pressionou mais a inflação em outubro e em setembro foram altas em alimentos e energia. O mercado de trabalho está mais aquecido, com taxa de desemprego mais baixa e massa salarial maior, mais empregos com carteira assinada. Esses fatores que contribuem mais para a maior disponibilidade de recursos das famílias, e as famílias direcionam esses recursos para o consumo de bens e serviços. A demanda pode influenciar em alguns preços, mas existem outros fatores que influenciam na formação dos preços.
Os aumentos de preços que resultaram nas principais pressões sobre a inflação do País tanto em setembro quanto em outubro foram impulsionados pela estiagem. O ranking de pressões sobre o IPCA de outubro foi liderado pelos aumentos de 4,74% na energia elétrica, um impacto de 0,20% e de 1,06% em alimentação e bebidas, uma contribuição de 0,23%. Os principais itens que impactaram o mês de outubro foram a energia elétrica e os alimentos, em especial as carnes. As carnes tiveram uma alta média de 5,81% outubro, após já terem aumentado 2,97% em setembro. O resultado foi uma elevação acumulada de 8,95% nos preços nos últimos dois meses.
Em outubro, as carnes contribuíram com 0,14% para o IPCA do mês, somados todos os tipos de cortes. Houve reajustes no acém (9,09%), costela (7,40%), contrafilé (6,07%) e alcatra (5,79%). Esse período do ano já é considerado de entressafra, mas a situação foi agravada pela estiagem. O País teve um período de seca bem mais intenso, o que reduz a oferta de animais e prejudica a produção. Além disso, a menor oferta é influenciada por menor disponibilidade de número de animais para abates e por exportações que estão maiores que no ano passado. Então, a oferta de carnes no mercado interno está menor. Os incêndios são consequência de períodos de secas.
Quanto à valorização do dólar ante o Real, tem uma possível influência no aumento das exportações. O câmbio pode ser um dos fatores que contribui para a decisão dos produtores em disponibilizar esse produto no mercado externo. O câmbio pode influenciar tanto a parte de alimentos quanto produtos com componentes importados. A pressão exercida pela energia elétrica no IPCA também foi influenciada pela estiagem. Em novembro, haverá o acionamento da bandeira amarela. Claro que tem outros componentes que fazem parte da energia elétrica, mas, quando se olha para o componente da bandeira tarifária, é um fator de alívio. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.