12/Nov/2024
A alta dos preços da alimentação e a elevação das despesas com habitação, no caso, o reajuste da tarifa de energia elétrica, que seguiu em outubro a chamada bandeira vermelha nível 2, o patamar mais alto, têm grande poder de espalhar a inflação. Isso porque, juntos, esses dois grupos respondem pela maior fatia das despesas das famílias. Quando os preços dos alimentos e dos gastos com habitação sobem, eles provocam perda do poder de compra e as famílias tentam uma compensação. Geralmente, os prestadores de serviços têm como parâmetro para aumentar seus preços a conta do supermercado. Além de os alimentos funcionarem, na prática, como um parâmetro para reajustar outros preços, existe a indexação formal que realimenta a inflação.
Parte do que está ocorrendo com a inflação deste ano terá reflexos na inflação do ano que vem. A LCA Consultores diz que, em razão do câmbio e da pressão das commodities, especialmente dos bovinos, o Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M), que é o indexador dos aluguéis, por exemplo, pode fechar 2024 com uma alta de 6% a 6,5%. Isso é indexação não só para agora, mas também para 2025, pensando no aluguel e na conta das distribuidoras de energia que consideram o IGP-M nas tarifas. Mais da metade do IGP-M (60%), indicador de preços apurado pela FGV, vem dos preços no atacado (IPA), formados por matérias-primas agropecuárias e minerais, ambas cotadas em dólar.
E o IGP-M é o indexador de vários outros preços que entram na composição do IPCA. Outro foco de pressão na inflação é o câmbio desvalorizado, que tira a possibilidade de uma eventual queda nos preços dos combustíveis, por exemplo, o que poderia aliviar o IPCA. O Ipea compara a situação atual da inflação ao caso de uma pessoa doente. Quando a infecção está num ponto específico, é mais fácil escolher o tratamento para conter a moléstia. No entanto, quando a doença começa a se espalhar, um remédio não basta: é preciso combinar vários para atacar pontos diferentes ou aumentar a dose do remédio. No caso da inflação, o remédio é a taxa de juros. É que está acontecendo nesses últimos meses com a inflação. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.