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12/Nov/2024

COP29: EUA deve retroceder na agenda ambiental

O líder da delegação dos Estados Unidos, John Podesta, iniciou a sua primeira fala pública na Cúpula do Clima (COP29) com o que disse ser o "tópico que está na mente de todos": a vitória de Donald Trump na eleição norte-americana. "Em janeiro, empossaremos um presidente cuja relação com a mudança climática é capturada pelas palavras 'farsa' e 'combustíveis fósseis'". Está claro que os Estados Unidos tendem a retroceder na agenda ambiental a partir do ano que vem, mas medidas de governos estaduais e do setor privado podem fazer com o país siga a cortar emissões de gases do efeito estufa, embora possivelmente em ritmo menor. Como exemplo, ele citou a campanha "Ainda Estamos Dentro", de Estados e organizações, após a saída do Acordo de Paris, na primeira gestão Trump (2017-2021).

Também ressaltou como o resultado foi recebido com "desapontamento" pela comunidade internacional em relação a respostas à crise climática. "Para aqueles que se dedicam à ação climática, o resultado da semana passada, nos Estados Unidos, é, obviamente amargo e decepcionante, principalmente por causa dos recursos e da ambição sem precedentes que o presidente Biden e a vice-presidente Kamala Harris (derrotada na eleição) trouxeram para a luta climática", afirmou. "Está claro que o próximo governo tentará dar meia-volta e reverter grande parte desse progresso", completou. Embora especialistas não considerem um líder mundial nesse tipo de agenda, ainda mais tendo em conta seus recursos e poderio tecnológico, ele destacou o impacto que a eleição ao trazer pessimismo para avanços na conferência.

"É claro que estou profundamente ciente da decepção que os Estados Unidos causaram aos partidos do regime climático, que viveram um padrão de liderança forte, engajada e eficaz, seguido por um desligamento repentino após uma eleição presidencial nos Estados Unidos", defendeu. Por outro lado, Podesta reforçou o posicionamento de parte dos países ricos de que o financiamento climático deve ser responsabilidade de mais atores globais. Disse que "não se está mais em 1992" e que, portanto, deveria se considerar nações que ascenderam nas últimas décadas. A questão envolve o tema chave desta COP: o alinhamento do Novo Objetivo Coletivo Quantificado sobre Financiamento Climático (NCQG), ligado ao Acordo de Paris.

Trata-se do aporte de recursos destinados pelos países ricos (maiores responsáveis pela crise climática) para a transição energética, adaptação e mitigação climáticas nas nações em desenvolvimento. A insistência de parte dos países ricos em aumentar a lista de contribuintes tem desagrado ao bloco de países em desenvolvimento (G77). Recentemente, o secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, embaixador André Corrêa do Lago, classificou como "razoavelmente inútil" a insistência nesse tópico, pois China e demais integrantes do bloco estão "fechados" em negar qualquer obrigação nesse sentido. Podesta ressaltou que "fatos ainda são fatos" e "ciência ainda é ciência", assim como espera a continuidade de avanços nos governos subnacionais (inclusive alguns republicanos) após investimentos recorde do governo nesse setor.

Muitos republicanos sabem que é bom para os seus Estados e as suas economias. Entre os exemplos, Oklahoma e Carolina do Norte. Nesse cenário, novas tecnologias que têm potencial para a redução de emissões, tais como biodigestores, eletrificação e a nova geração de energia nuclear. Tudo isso não vai ser revertido. Embora o governo federal dos Estados Unidos, sob o comando de Trump, possa deixar a ação climática em segundo plano, o trabalho para conter as mudanças climáticas continuará nos Estados Unidos. Substituto de John Kerry na função, o conselheiro presidencial sênior para política climática internacional lamentou que os Estados Unidos devem novamente sair do Acordo de Paris, maior tratado internacional contra as mudanças climáticas, como Trump já havia feito em seu primeiro mandato.

Mesmo antes do resultado das eleições, a ausência de Joe Biden já estava confirmada entre os líderes mundiais que não virão a esta COP. A delegação norte-americana deste ano conta com a presença dos secretários da Agricultura, Thomas Vilsack, e da Energia, Jennifer Granholm, dentre outros representantes. Nos últimos dias de campanha, Donald Trump afirmou que vai aumentar, em vez de diminuir, a produção de combustíveis fósseis. Na COP28, em Dubai, no ano passado, as nações haviam concordado em tomar um caminho de redução gradual da exploração de petróleo, carvão e gás.

De toda forma, mesmo com a eleição de Donald Trump, os Estados Unidos não devem regredir nas ações para energia limpa. O representante norte-americano reconheceu que o presidente eleito deve retirar o país do Acordo de Paris e tentará reverter ações climáticas firmadas por Biden, como a Lei de Redução da Inflação de 2022, que incluiu US$ 375 bilhões em gastos com medidas climáticas. Mas manteve o tom desafiador: "Não vamos regredir para o sistema energético dos anos 1950, de jeito nenhum". O enviado especial repetiu o discurso de Joe Biden, ao afirmar que os retrocessos são inevitáveis, mas que as ações climáticas não devem parar.

"A luta é maior do que uma eleição, um ciclo político em um país." Donald Trump prometeu durante a campanha aumentar a perfuração e produção de petróleo. Também chegou a se referir às regulações das emissões como parte de um "novo golpe verde", e afirmou, sem evidências, que turbinas eólicas offshore prejudicam as baleias. Para seguir com o trabalho pela energia limpa, Podesta indicou que a equipe de Biden segue em negociações na COP29, mesmo no momento de transição de governo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.