14/Nov/2024
Em meio às incertezas sobre a negociação do financiamento climático de países ricos para nações em desenvolvimento, a Cúpula do Clima deste ano (COP29) anunciou avanços significativos na criação de um mercado de carbono internacional. As diretrizes foram definidas ao longo de negociações que continuarão pelos próximos dias, conforme a Organização das Nações Unidas (ONU). O mercado de carbono consiste na venda de “créditos” a países ou empresas que não conseguem reduzir suas emissões de gases do efeito estufa. Isto é, tende a favorecer nações que tomarem ou mantiverem ações de preservação do meio ambiente acima das metas previstas, por exemplo. Esse mecanismo é controverso, por indiretamente permitir que grandes poluidores sigam com emissões desde que paguem mais por isso. Com uma internacionalização, poderiam procurar a forma mais fácil e barata de “reduzir” as emissões mesmo sem alterações significativas localmente.
Nesse caso, a redução de emissões “vendida” não é contabilizada ao local onde ocorreu, mas para aquele que adquiriu esse “bônus”. Por isso, é visto como possível fonte de recursos para países em desenvolvimento, como o Brasil, que também discute regulação interna desse mercado. Calcula-se que a América Latina seja responsável por menos de 10% das emissões de gases estufa, mesmo sendo uma das regiões que mais sofrem com a crise climática. Segundo a ONU, o mercado de carbono pode injetar cerca de US$ 250 bilhões (cerca de R$ 1,45 trilhão) anuais em ações climáticas pelo mundo. Os negociador-chefe da COP29, Yalchin Rafiyev afirmou que os países chegaram a um consenso nas dinâmicas e no funcionamento de um mercado de carbono global e há “atmosfera positiva” sobre o tema. “Será uma virada de jogo para os países em desenvolvimento”, disse ele. Segundo Rafiyev, os recursos movimentados pelo mercado de carbono poderiam chegar à casa de US$ 1 trilhão até 2050. “Será uma ferramenta revolucionária.”
Segundo o secretário executivo da ONU para Mudanças Climáticas, Simon Stiell, as negociações tiveram bom começo e a definição de diretrizes não é mera “burocracia” da ONU. Ajuda países de forma mais rápida e barata a reduzir emissões. A definição desses critérios é esperada há cerca de dez anos, como parte do artigo 6 do Acordo de Paris, assinado em 2015. Há a discussão sobre como isso vai afetar a redução real de emissões por parte de países ricos. “Petroestados” do Oriente Médio estão, por exemplo, entre os países mais interessados nesse instrumento, como uma forma de contrabalancear a continuidade da exploração de combustíveis fósseis em seus territórios. O presidente da COP29, Mukhtar Babayev, chamou o mercado de carbono de uma ferramenta revolucionária para direcionar recursos para o mundo em desenvolvimento. O secretário-geral da ONU, António Guterres, defendeu o avanço nesse instrumento. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.