14/Nov/2024
O dólar voltou a subir ante o Real nesta quarta-feira (13/11), mesmo com o Banco Central despejando US$ 4 bilhões no mercado em leilão, com as cotações no Brasil acompanhando o avanço firme da moeda norte-norte-americana no exterior, em mais um dia de “Trump trade”. Comentários do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no fim da tarde desta quarta-feira (13/11) ajudaram a aliviar as cotações. O dólar fechou em alta de 0,32%, cotado a R$ 5,79. Em novembro, a divisa acumula elevação de 0,18%. No início da sessão, a moeda norte-americana chegou a oscilar em baixa firme, com o mercado à espera dos dois leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra) anunciados pelo Banco Central na véspera.
A queda ocorria na expectativa da injeção de US$ 4 bilhões no mercado, para atender demanda. Tradicionalmente, o Banco Central realiza operações de linha nos últimos meses do ano para suprir a demanda de empresas e fundos, entre outros, que precisam enviar lucros e dividendos ao exterior. Pouco depois do horário marcado para as operações, no entanto, o Banco Central anunciou o cancelamento em função de “problemas operacionais”. Ao mesmo tempo, informou que os leilões ainda seriam realizados, mas em outro horário. O cancelamento gerou mal-estar no mercado, ainda que o Banco Central tenha deixado claro que as operações seriam realizadas.
Assim, após marcar a cotação mínima de R$ 5,72 (-0,89%), o dólar migrou para o território positivo. No início da tarde, o Banco Central finalmente realizou os leilões, vendendo o total de US$ 4 bilhões ofertados, sendo US$ 2 bilhões com data de recompra em 2 de abril de 2025 e US$ 2 bilhões com recompra para 2 de julho de 2025. Mesmo com a colocação, o dólar seguiu no território positivo. Segundo a Western Asset, não fazia sentido a alta do dólar com o cancelamento do leilão pelo Banco Central, porque anunciou que ainda seria feito. A alta do dólar tem mais de exterior do que de leilão. No exterior, o avanço da moeda norte-americana ocorria ainda em função da vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos na semana passada.
Isso tem gerado expectativas de tarifas de importação potencialmente inflacionárias e outras medidas que favorecem o dólar. A demora do governo Lula em anunciar seu pacote na área fiscal também sustentava o dólar no Brasil. A moeda norte-americana marcou a cotação máxima de R$ 5,81 (+0,75%). No final da sessão, no entanto, o ministro Fernado Haddad deu declarações sobre o pacote fiscal, o que serviu para desinflar as cotações do dólar e o avanço das taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros). O ministro da Fazenda afirmou que o impacto fiscal do pacote será "expressivo", argumentando que a ideia é fazer rubricas do Orçamento se enquadrarem na regra de crescimento de despesa do arcabouço fiscal.
"Mais do que o número, que é expressivo, mais do que o número, que na opinião da Fazenda reforça o nosso compromisso de manter as regras fiscais estabelecidas desde o ano passado, mais do que isso é o conceito que nós utilizamos para fazer prevalecer essa ideia de que as rubricas devem todas elas, na medida do possível, ir sendo incorporadas a essa visão geral do arcabouço para que ele seja sustentável no tempo", disse o ministro. Após os comentários de Haddad, o dólar retornou para abaixo dos R$ 5,80. No exterior, o índice do dólar, que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas, subia 0,47%, a 106,490. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.