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23/Jan/2025

Agronegócio puxará superávit na balança comercial

Segundo a consultoria MacroSector, o agronegócio, puxado pelas carnes, café, milho e açúcar, deve continuar carregando o saldo da balança comercial brasileira neste ano. Entre exportações e importações, as transações com produtos do campo devem atingir US$ 126,8 bilhões. Essa cifra equivale a quase o dobro do saldo da balança comercial de US$ 67 bilhões projetado para 2025. Não é de hoje que a balança comercial do País seria deficitária, caso não contasse com a contribuição do agronegócio. Mas desde 2022 não havia uma relação tão forte entre o saldo comercial do agronegócio e o da balança comercial. Naquele ano, o saldo comercial do agronegócio correspondeu a duas vezes o saldo da balança comercial total, porém com resultados menores do que os projetados para 2025. Em 2022, o saldo do agronegócio somou US$ 123,9 bilhões e o da balança comercial geral foi de US$ 61,5 bilhões. Nos anos seguintes, 2023 e 2024, a relação entre o saldo comercial do agronegócio e da balança como um todo recuou para 1,3 vezes e 1,6 vezes, respectivamente.

O fortalecimento do papel do agronegócio previsto para este ano é atribuído a vários fatores combinados. Entre eles estão a escalada de preços das matérias-primas, o ritmo ainda acelerado de crescimento das economias asiáticas, em especial a da China (o grande comprador de carnes e grãos) e a forte liquidez global. Os programas de transferência de renda feitos por vários países para reverter a paralisia econômica provocada pela pandemia resultaram na aceleração dos preços das commodities que tem ajudado as exportações do agronegócio. O lado bom do vigoroso desempenho da balança comercial do agronegócio é o acúmulo de reservas em dólares para o País, o que garante a estabilização da moeda. Esse aspecto ganhou relevância sobretudo nos últimos meses por conta da forte desvalorização do Real em relação ao dólar. O acúmulo de reservas ajudou a conter a disparada do dólar e evitou que a moeda norte-americana chegasse a R$ 7,00.

A inflação está hoje acima do teto da meta (4,5%), mas não há risco de descontrole. São poucos os países atualmente que têm essa sobra de dólar no mercado financeiro que o Brasil tem. No longo prazo, porém, a forte dependência do agronegócio e da exportação de matérias-primas no resultado comercial preocupa porque não gera dinamismo na economia e limita o crescimento, avalia a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). Os preços das commodities são determinados pelo mercado: o Brasil apenas embarca o que foi decidido no exterior. Do ponto de vista estratégico, um desdobramento negativo da forte dependência do agronegócio nas exportações é a baixa geração de empregos qualificados. Mão de obra qualificada seria demandada se as exportações fossem focadas em segmentos de densidade tecnológica, como a indústria automobilística, eletroeletrônica e nos bens de capital. Devido ao déficit na balança comercial de manufaturados de US$ 135 bilhões alcançado no ano passado, o País deixou de gerar 4 milhões de empregos qualificados diretos e indiretos ligados à indústria.

A fragilidade da indústria brasileira, que não consegue gerar saldo comerciais, é resultado dos juros altos, da falta de investimentos e de políticas direcionadas para o setor. O Brasil não consegue exportar bens de consumo, bens intermediários e bens de capital. Para este ano, as projeções indicam um déficit comercial de US$ 13,1 bilhões para bens de consumo. As importações de máquinas e equipamentos, por sua vez, devem crescer, passando de US$ 81,2 bilhões em 2024 para US$ 87,8 bilhões em 2025. Isso deve resultar em um déficit de US$ 64,5 bilhões. O segmento mais sofisticado em termos de tecnologia é o de bens de capital, mas quase todo o déficit da balança esperado para 2025 é de bens de capital. A perspectiva para o grupo petróleo e derivados, que despontou em 2024 como principal produto exportado pelo País e superou a soja, é de praticamente repetir neste ano o saldo comercial de 2024, com superávit de US$ 21,1 bilhões. No caso dos bens intermediários, a expectativa é de empate. Isto é, tanto as exportações como as importações devem girar em torno US$ 83,5 bilhões em 2025.

Apesar de a soja ser isoladamente o principal produto de exportação do agronegócio em volume e receita, a perspectiva para este ano é de que o grão não contribua para o aumento do saldo comercial do setor comparado a 2024. O saldo da balança comercial da soja projetado para este ano é de US$ 39,2 bilhões, ante US$ 42,6 bilhões em 2024, com recuo de US$ 3,4 bilhões. O motivo da retração é o preço baixo do grão devido ao aumento dos estoques internacionais. Ao final da safra 2023/2024, o estoque mundial de soja era de 112 milhões de toneladas e a projeção é de que atinja 132 milhões de toneladas ao final da safra 2024/2025. Aumentos das safras dos Estados Unidos e do Brasil, esta última estimada em 166,3 milhões de toneladas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) neste ano, um recorde da série histórica iniciada em 2009, depreciaram preços, apesar da forte desvalorização do Real. Na semana passada, a soja no Porto de Paranaguá (PR) estava cotada a R$ 134,20 por saca de 60 Kg, para pagamento à vista, ante R$ 140,96 por saca de 60 Kg na mesma data de dezembro/2024. É um recuo de quase 5% em 30 dias, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.