21/Feb/2025
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), a indústria brasileira de alimentos e bebidas registrou aumento de 9,98% no faturamento, para R$ 1,277 trilhões, e de 3,2% na produção em 2024 em comparação com 2023, para 283 milhões de toneladas em 2024. Desse total, 72%, ou R$ 918 bilhões, são provenientes do mercado interno e 28% do comércio exterior (US$ 66,3 bilhões). As vendas reais totais (mercado interno e exportações) apresentaram expansão de 6,1% em 2024. Com isso, a indústria de alimentos deve representar 10,8% do Produto Interno Bruto (PIB) do País. A Região Sudeste representou R$ 488 bilhões, seguida pela Região Sul, com R$ 348 bilhões. A Região Centro-Oeste correspondeu a R$ 251 bilhões; a Região Nordeste, R$ 126 bilhões; e a Região Norte, R$ 63 bilhões. Os associados representam 83% do PIB de alimentos. Além disso, a indústria do setor processou 62% dos alimentos produzidos pela agricultura e pela pecuária em 2024.
Da produção da agricultura familiar, foram processados 68%. Destaque para a ampliação do emprego e da renda, segundo a PNAD/IBGE, e, consequentemente, da massa de rendimentos reais, acima de 6% na média do ano de 2024, que contribuíram para o aumento do consumo de alimentos no mercado interno. De uma forma geral, os segmentos que mais cresceram foram o food service (+10,4%) e o varejo alimentar (+8,8%). O desempenho relevante tem a ver também com o aumento dos investimentos das indústrias na ampliação e modernização de plantas fabris, Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), ações de sustentabilidade, aquisição de máquinas e equipamentos. A indústria de alimentos investiu R$ 38,7 bilhões em 2024. Do total, R$ 24,9 bilhões foram direcionados para inovações e R$ 13,80 bilhões para fusões e aquisições. A Abia reafirma o compromisso anunciado pela indústria de investir R$ 120 bilhões no período de 2023 a 2026.
Só em 2023 e 2024, a indústria já investiu R$ 74,7 bilhões, mais de 62% do projetado para o período. Com esses investimentos, o setor demonstra a força e a consistência desse movimento, essencial para garantir competitividade e abastecimento nos mercados interno e externo. A indústria brasileira de alimentos e bebidas registrou aumento de 6,6% em receita, para US$ 62,2 bilhões, e 10,4% em volume, para 80,3 milhões de toneladas, em 2024. No período de 4 anos (2020 a 2024), registrou-se crescimento de 72,7% em valor e 29,2% em volume. O Brasil continua sendo o maior exportador de alimentos do mundo em volume. Os produtos brasileiros chegaram a mais de 190 países e seus territórios, sendo os principais mercados: Ásia, (38,7% das exportações, destaque para a China, com participação de 14,9%), seguida da Liga Árabe (18,9%) e da União Europeia (12,6%). Os itens que lideram a lista são proteínas animais (carnes), com US$ 26,2 bilhões; produtos do açúcar, com US$ 18,9 bilhões; produtos de soja, com US$ 10,7 bilhões; óleos e gorduras, com US$ 2,3 bilhões; sucos e preparações vegetais, com US$ 3,7 bilhões.
O resultado pode ser explicado por diversos fatores, entre eles, o crescimento da economia mundial no nível de 3%, combinado com a redução gradual da inflação e dos juros, que contribuíram para o aumento da demanda global por alimentos, estimulando as exportações brasileiras de industrializados. Essas exportações representaram 19,7% do total exportado pelo País. Importante ressaltar a abertura de novos mercados, por meio da ampliação de acordos sanitários, somados aos investimentos realizados pela indústria de alimentos em padrões de qualidade, a exemplo da certificação Halal (para os países árabes), rastreabilidade na cadeia produtiva e certificações ambientais. Outro marco foi a ampliação da presença brasileira em mercados estratégicos por meio de uma rede de adidos agrícolas. Com a criação de 11 novos postos, o Brasil passará a contar com 40 novos representantes, um aumento de 38% em relação à estrutura anterior.
Essa expansão fortalece a atuação do País nas negociações internacionais e na promoção das exportações do setor. Houve aumento do custo médio de 9,3% para a produção de alimentos industrializados em 2024. A alta foi impulsionada por uma evolução nos preços das commodities agrícolas, das embalagens e das energias. Em relação às commodities agrícolas, a Abia calcula uma alta anual de 189% para o cacau, de 140,3% para o café, de 22,6% para o leite, de 9,3% para o milho e de 9% para o trigo. O Índice de Preços de Alimentos da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) registrou avanço de 6,7%. A desvalorização do Real intensificou esse movimento, especialmente no segundo semestre. Além disso, eventos climáticos adversos, como as enchentes no Rio Grande do Sul e estiagens prolongadas nas Regiões Centro-Oeste, Sudeste e Norte, reduziram a safra de grãos e causaram impacto na qualidade das pastagens.
Outros fatores, como a elevação do imposto de importação sobre resinas plásticas e os reajustes no custo da energia elétrica (+10%), diesel (+7%) e gás natural (+6%), também elevaram a pressão sobre a indústria. Em um ano marcado por desafios econômicos e climáticos, a indústria mostrou resiliência, confirmou seu papel essencial na promoção da segurança alimentar e manteve o abastecimento e a competitividade dos produtos. Ressalta-se, ainda, o aumento de 7,7% na inflação de alimentos industrializados medida pelo IPCA-IBGE. Em relação à geração de empregos, um em cada dez trabalhadores brasileiros atuava diretamente na indústria de alimentos ou na cadeia de suprimentos ligada ao setor (agricultura, pecuária, embalagens, máquinas e equipamentos, serviços de transporte) em 2024. Foram criados 72 mil novos postos de trabalho formais e diretos, o equivalente a 25% do ofertado na indústria de transformação brasileira. Somando-se aos 288 mil indiretos, foram 360 mil novas vagas.
A Abia prevê um crescimento de 2% a 2,5% nas vendas reais em 2025. Esse cenário é projetado diante de uma expectativa de um Produto Interno Bruto (PIB) de 1,8% a 2,2% no ano. Em relação às exportações, a estimativa prevista é de uma receita de US$ 68 bilhões a US$ 70 bilhões, em comparação com US$ 66,3 bilhões em 2024. “Só a Fifa e a ONU chegam a mais países do que os alimentos industrializados brasileiros”. Para a geração de empregos, a perspectiva é de uma alta de 1% a 1,5%. A entidade deve adotar uma postura cautelosa em relação às tarifas prometidas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, comportamento que vê também no governo brasileiro. Faz apenas um mês que o republicano assumiu a presidência dos Estados Unidos, mas os desafios podem se transformar em oportunidades. A Abia também monitora os preços em alta de commodities que aparecem na mesa do brasileiro, como café, chocolate e azeite.
No caso do azeite, a alta se deve a uma seca de dois anos na Península Ibérica, região grande produtora na Europa, mas os preços devem começar a se normalizar a partir de agora no varejo. Em relação ao chocolate, a tendência é que os preços dos ovos de Páscoa sigam o do mercado de chocolate como um todo. Esses preços estão sendo negociados com os varejistas. Agora eles estão naquele processo: os pontos de venda estão fazendo negociações com fabricantes. Os ovos de Páscoa podem receber como aditivo outros produtos, como biscoitos, em virtude da menor oferta de cacau, mas um possível aumento não deve ser “absurdo”, acima da inflação, a ponto de impossibilitar que todos tenham acesso ao produto. Para os ovos de galinha, a visão da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) é de que a alta é sazonal, em virtude ao período de Quaresma. Não há riscos de chegada da gripe aviária ao País, por causa das medidas de segurança tomadas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). A meta da Abia de investimentos na indústria de R$ 120 bilhões entre 2023 e 2026 deve ser ultrapassada. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.