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26/Feb/2025

Clima: calor extremo causa perdas na agricultura

As mudanças climáticas intensificam eventos climáticos extremos, como ondas de calor, que impactam a produção de alimentos e exigem ações de mitigação e adaptação. O calor intenso que tem atingido diversas regiões do Brasil nas últimas semanas está causando perdas em lavouras de soja, milho, arroz, café e frutas, impactando a produção agrícola e reacendendo o alerta sobre os efeitos das mudanças climáticas no País. As altas temperaturas prejudicam o desenvolvimento das plantas, causando estresse hídrico, redução da produtividade e aumento da susceptibilidade a pragas e doenças. As culturas mais afetadas são a soja, o milho e o arroz na Região Sul, e o café e as frutas na Região Sudeste. O Instituto Agronômico de Pernambuco ressalta que as mudanças climáticas estão intensificando os eventos de calor extremo, tornando-os mais frequentes e severos. As janelas de plantio e colheita têm se alterado, comprometendo a produção. Para mitigar os efeitos do calor e se adaptar às mudanças climáticas, especialistas recomendam a adoção de práticas agroecológicas, como o consórcio de culturas, que cria um microclima mais favorável às plantas, e o uso de tecnologias para captação e armazenamento de água.

- Políticas públicas: a implementação de políticas públicas que incentivem a adoção de práticas sustentáveis e o desenvolvimento de tecnologias de adaptação às mudanças climáticas, como sistemas de irrigação mais eficientes e a geração de energia renovável no campo.

- Segurança alimentar: é necessário garantir a segurança hídrica, energética e alimentar, tanto no campo quanto nas cidades, por meio de políticas públicas que financiem e orientem essas práticas.

O calor extremo que atinge o Brasil é um alerta para os desafios impostos pelas mudanças climáticas à agricultura e à segurança alimentar. A adoção de práticas sustentáveis, o investimento em tecnologia e a implementação de políticas públicas eficazes são essenciais para garantir a produção de alimentos e a adaptação do setor agrícola aos novos cenários climáticos. O Rio Grande do Sul enfrenta a sua terceira onda de calor em 2025, um fenômeno preocupante que se intensificou nesta semana. Associada a um sistema de alta pressão atmosférica que atinge também países vizinhos como Uruguai, Argentina e Paraguai, a onda de calor mantém temperaturas extremamente elevadas em diversas regiões do Estado. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a região centro-oeste do Rio Grande do Sul é a mais afetada, com temperaturas previstas próximas a 40°C. O Inmet emitiu um aviso amarelo de perigo potencial para onda de calor na faixa leste e norte do Estado, incluindo áreas de Santa Catarina, com duração prevista até esta quarta-feira (26/02).

É importante ressaltar que esta é a terceira onda de calor registrada no Estado em menos de três meses. O primeiro episódio ocorreu entre os dias 17 e 23 de janeiro, e o segundo entre 2 e 12 de fevereiro. A Organização Meteorológica Mundial (OMM) define onda de calor como um período de, no mínimo, cinco dias consecutivos com temperaturas máximas 5°C ou mais acima da média mensal. A MetSul Meteorologia alerta que a combinação de ar quente e úmido de origem tropical favorecerá a formação de tempestades isoladas entre o Uruguai, o Rio Grande do Sul e o centro da Argentina no restante desta semana com risco aumentado no Rio Grande do Sul a partir desta terça-feira (25/02). A onda de calor, até agora com ar mais seco, ingressará em uma nova fase com calor e temporais. Condições favoráveis a temporais são esperadas até este fim de semana no Rio Grande do Sul.

A atmosfera instável criará condições propícias para chuva localmente forte a intensa, rajadas de vento e queda de granizo de variado tamanho. A condição meteorológica responsável pela instabilidade será convecção profunda associada à massa de ar muito quente que provoca a onda de calor. A convecção ocorre quando o ar quente e úmido próximo à superfície se eleva devido à menor densidade do ar. À medida que essa massa de ar ascende, encontra camadas mais frias da atmosfera, levando ao resfriamento e consequente condensação do vapor d’água, formando nuvens. Quando esse processo é intenso, desenvolvem-se nuvens de grande desenvolvimento vertical localizadas entre tarde e a noite, conhecidas como Cumulonimbus (Cb), e que são responsáveis por tempestades severas. O cenário atmosférico vai estar propício à formação de células convectivas isoladas, ou seja, tempestades que se formam de maneira localizada e esporádica, mas que podem ser localmente fortes a severas com danos.

Os temporais previstos podem ser acompanhados de chuva volumosa em curto período, o que eleva o risco de alagamentos pontuais, especialmente em áreas urbanas com drenagem deficiente. Além disso, há potencial para a ocorrência de rajadas de vento fortes, capazes de provocar danos em estruturas, queda de árvores e interrupção no fornecimento de energia elétrica. Quanto mais alta a temperatura, maior é o risco de vendavais isolados intensos neste tipo de situação atmosférica. O risco de granizo também preocupa, uma vez que a intensa convecção pode gerar pedras de gelo de diversos tamanhos, oferecendo risco a plantações, veículos e construções. Na semana passada, granizo grande causou estragos em plantações na região sul do Rio Grande do Sul. A MetSul Meteorologia enfatiza o caráter isolado dessas tempestades, o que significa que algumas localidades podem ser atingidas por eventos severos enquanto áreas próximas registram pouca ou nenhuma precipitação.

Por isso, embora o alerta de risco seja válido para uma área muito grande, não significa que todas as cidades compreendidas dentro da zona de advertência serão afetadas por temporais. Serão ocorrências de tempo severo localizadas, apesar de fortes a severas em alguns pontos. Em se tratando de episódios isolados de tempo severo associados ao calor e à umidade, não há como se indicar onde exatamente ocorrerão os temporais fortes, o que só é possível em curtíssimo prazo, no que se denomina de nowcasting, a partir de imagens de satélite, radar e sensores de raios. Sob este cenário, essencial o acompanhamento das atualizações meteorológicas para minimizar riscos e se preparar para possíveis transtornos. A MetSul destaca que o padrão atmosférico seguirá instável na região ao longo dos próximos dias com tendência de intensificação da instabilidade com ingresso de mais umidade no Rio Grande do Sul por um corredor de ar úmido vindo da Amazônia que vai alcançar o Estado, o centro e o nordeste da Argentina e o Uruguai.

Com maior umidade na atmosfera, o ambiente se torna mais favorável à formação de nuvens de grande desenvolvimento vertical com temporais e episódios localizados de chuva forte a torrencial com raios e granizo. As taxas de instabilidade tendem a ser muito mais altas na tarde desta quinta-feira (27/02). Por isso, o risco de tempestades isoladas será maior entre esta quarta-feira (26/02) e o fim de semana. Além de temporais, o centro da Argentina e parte do Uruguai devem enfrentar chuva excessiva a extrema nos próximos dias que vai se somar aos acumulados já muito altos entre domingo e ontem em diversas localidades com marcas de 100 mm a 200 mm.

A massa de ar muito quente sobre o Brasil associada a um bloqueio atmosférico fará com que a chuva seja muito frequente e com altos volumes no centro argentino e em parte do Uruguai com fortes áreas de instabilidade diariamente até a semana que vem na região, o que vai proporcionar os acumulados extremos, de 150 mm a 300 mm em vária cidades e até superiores com 300 mm a 400 mm em alguns pontos. Províncias argentinas como Buenos Aires, Santa Fé, Entre Rios e Cordoba devem ser as mais afetadas pelas intensas precipitações com volumes de chuva excessivamente altos na soma desta e da próxima semana. Há risco de episódios localizados de chuva extrema com acumulados de 100 mm a 200 mm em poucas horas, trazendo alagamentos e inundações repentinas que podem afetar moradias e estabelecimento comerciais. Fontes: Canal Rural, Agrimídia e MetSul. Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.