26/Feb/2025
A proposta que circulava nos bastidores do governo de limitar a exportações de produtos agropecuários para frear a alta do preço dos alimentos foi negada por autoridades em conversa com entidades exportadoras. A proposta que foi apresentada em reunião na segunda-feira (24/02) do grupo de trabalho sobre inflação de alimentos no Palácio do Planalto e repetida em reunião nesta terça-feira (25/02) entre técnicos teve ampla rejeição interna. O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, foi um dos escalados para tranquilizar o setor produtivo. Ele ligou para uma entidade que representa o setor exportador e assegurou que o governo não irá limitar ou taxar exportações. O ministro afirmou que a proposta está descartada por receio da desindustrialização a médio prazo.
Ele garantiu que não será aplicada nenhuma tarifa em exportação. De acordo com as fontes, a proposta teria partido do próprio MDA e da Casa Civil. A equipe econômica, o Ministério da Agricultura e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) são contrários a qualquer proposta relacionada à limitação de exportações. Ainda não há definição se a proposta será levada ao presidente Lula para uma decisão final. De acordo com fontes, a medida surgiu como uma entre demais propostas de ações que poderiam ser tomadas para minimizar o efeito da inflação de alimentos. O mecanismo a ser aplicado para limitação das exportações não foi apresentado no grupo. Outro interlocutor afirma que foram apresentadas ao grupo razões contrárias para não se limitar as exportações, como falta de base legal, inibição de investimentos na produção e insegurança jurídica em contratos firmados.
O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva já descartou a ideia de taxar exportações. A adoção de medidas heterodoxas pelo governo poderia levar inclusive à saída do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. Fávaro discorda terminantemente de eventuais medidas para limitar as exportações. A ideia do governo de eventualmente recorrer a medidas heterodoxas para combater a inflação de alimentos pode levar o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, a deixar a Pasta. Fontes próximas ao ministro afirmam que ele está descontente com a forma como o Executivo tem enfrentado a questão envolvendo a inflação de alimentos. Por lealdade ao presidente Lula, não faria críticas, cogitando então a opção de entregar o cargo.
Carlos Fávaro estaria incomodado com a orientação da alta cúpula ao presidente Lula sobre preços de alimentos. A avaliação do Ministério da Agricultura é que estão passando informações equivocadas ao presidente sobre preços de alimentos, como feijão a R$ 16,00 por Kg ante R$ 5,00 por Kg e óleo de soja a R$ 14,00 por litro ante R$ 7,49 por litro praticado no mercado. Cientes do descontentamento de Fávaro, representantes do setor produtivo avaliam que, diante da adoção de medidas heterodoxas, a saída é um caminho inevitável para o ministro preservar a sua reputação e credibilidade junto ao setor. Lideranças do agronegócio têm ligado ao ministro para demovê-lo da ideia. O ministro negou. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.