28/Feb/2025
Após um lucro combinado de R$ 112,7 bilhões em 2024, alta de 16,4% em um ano, os maiores bancos do País entram em 2025 ajustados diante do aumento dos riscos para o crédito. Com juros e inflação em alta, as instituições financeiras querem manter o crescimento, mas vão desacelerar em relação a 2024 e devem concentrar o foco em negócios que apresentam menores riscos. Entre os três maiores bancos privados (Itaú Unibanco, Bradesco e Santander), isso significa concessão concentrada em linhas de pessoas físicas para clientes conhecidos, e com um percentual maior de garantias. O Banco do Brasil, segundo maior banco brasileiro em volume de ativos, deve se valer das exposições ao agronegócio e a carteiras de pessoas físicas que são menos voláteis, duas vantagens que têm mantido seus índices de inadimplência no pelotão vencedor do setor.
Segundo a XP, os bancos começam a convergir para o pessimismo. A preocupação com o PIB e a inflação deve começar a se refletir na renda das famílias, levando a uma desaceleração na concessão de crédito neste ano. As projeções das instituições para este ano deixam clara essa tendência. Itaú e Bradesco divulgaram expectativas de crescimento de carteira que ficam abaixo dos números observados em 2024. Enquanto o Itaú fala em até 8,5% (ante uma expansão de 15,5% no ano passado), o Bradesco projeta um número entre 4% e 8% (abaixo dos 11,9% de 2024). O Santander não informa projeções, mas já começou a colocar o pé no freio desde o terceiro trimestre do ano passado. A percepção do mercado é de que o movimento é preventivo. Para o Citi, trata-se mais de uma visão conservadora dos bancos do que uma piora de fato.
Olhando os dados do quarto trimestre e as projeções de despesas com provisão, nenhum dos números foi ruim. A mudança de expectativa é comum a todo o setor. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou na semana passada que as projeções do setor para o crescimento do crédito neste ano caíram de 9% para 8,5% desde dezembro, diante da piora do cenário. No ano passado, o crédito cresceu 10,9% no País. Os números de 2024 e do quarto trimestre destoam do que se espera para 2025. A dinâmica de resultado foi bem parecida com a do terceiro trimestre, refletindo um ambiente estável, inadimplência controlada, expansão da carteira, muito em linha com as projeções. Para manter o crescimento controlada da carteira de crédito neste ano, os bancos devem aplicar a fórmula adotada no pós-pandemia, com foco em produtos mais seguros e clientes com maior capacidade de pagamento.
Foi seguindo essa receita que as instituições “limparam” as carteiras atingidas por maior inadimplência a partir de 2022, ano em que a alta de inflação pesou sobre o bolso das famílias. O Bradesco afirmou que vai trabalhar com os melhores riscos e modalidades para garantir uma carteira saudável. O Bradesco passou a informar ao mercado a projeção para a chamada margem líquida, que é o ganho com empréstimos menos as despesas com provisões. A mudança se relaciona com o novo foco do banco, que é ampliar a rentabilidade a partir não da margem bruta das operações, mas do seu resultado líquido, já descontados os riscos. A carteira do banco finalizou 2024 com o maior patamar de garantias em seis anos. O Banco do Brasil, que mostrou um apetite alinhado aos rivais, também deve focar na rentabilidade líquida. Linhas como consignado devem ser o foco do banco.
Embora tenha mantido projeções para a margem bruta e para provisões, o Itaú também manifestou que o foco será em linhas de menor risco. A estratégia de crescimento não muda em relação a 2024 e 2023 e seguirá focada em clientes que são mais resilientes ao ciclo. Para o mercado, embora tenham o mesmo discurso os bancos partem de pontos diferentes. O Bradesco tem uma dificuldade adicional dado o momento operacional, porque está passando pela reestruturação, diz a XP. No caso do Banco do Brasil, a composição da carteira tende a reduzir a volatilidade. A carteira do Banco do Brasil tem um componente de rural, que normalmente cresce acima das outras linhas por características próprias, afirma o Citi. Entre pessoas físicas, o banco público espera crescer até 11% neste ano. A previsão embute a exposição a clientes como os funcionários públicos, que têm renda e emprego mais estáveis e, portanto, menor risco. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.