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19/Mar/2025

Comitiva de Lula ao Japão terá um viés comercial

A visita de Estado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Japão, entre os dias 24 e 27 de março, deve ter um viés comercial destacado. Os países organizam um fórum empresarial em Tóquio, e autoridades japonesas esperam que mais de 100 executivos de empresas brasileiras, entre elas Embraer e JBS, integrem a delegação que acompanhará o presidente. Em fevereiro, a companhia aérea japonesa ANA anunciou uma encomenda de até 20 aviões da fabricante brasileira Embraer para rotas domésticas. Serão 15 aeronaves E190-E2 com possibilidade de extensão para mais 5 unidades do mesmo modelo de 100 assentos. Será a estreia do jato regional no mercado japonês. Ele deve começar a operar em 2028. O valor é de US$ 1,6 bilhão. A JBS, por sua vez, busca expandir suas exportações de carne suína e, assim como as demais do setor, abrir o mercado de carne bovina ao Japão. Cerca de 70% da carne bovina consumida no país é importada, sendo que Estados Unidos e Austrália dominam o mercado nipônico, com participação de 80%.

Há anos autoridades brasileiras e o setor privado de proteína animal tentam abrir o mercado japonês. Missões foram realizadas nas últimas semanas, bem como visitas ministeriais e técnicas de autoridades agrícolas japonesas para inspecionar animais e frigoríficos na Região Centro-Oeste, entre eles uma unidade da JBS em Mozarlândia (GO). Os japoneses demandam adequação às suas exigências sanitárias. No ano passado, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que a principal barreira era ter todo o rebanho nacional livre de febre aftosa sem vacinação. O País anunciou a autodeclaração em maio de 2024. O Ministério da Agricultura espera receber reconhecimento internacional em maio de 2025, pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). Há grande expectativa de concretizar a negociação bilateral durante a visita de Lula, mas autoridades envolvidas nas conversas pregam cautela. Talvez a viagem não consiga resolver a questão.

O Japão é reconhecidamente um mercado exigente, com carnes de alta qualidade, e por isso também interessante do ponto de vista de preços. Em fevereiro, uma missão técnica discutiu a flexibilização da idade limite para o abate de bovinos; a habilitação de novas plantas frigoríficas para exportação de carne de aves termoprocessadas; a abertura do mercado japonês para a carne bovina e a ampliação do acesso da carne suína; ajustes nos requisitos de tratamento térmico para a exportação de mangas; e medidas para regionalizar o controle da Influenza Aviária. A expectativa do governo brasileiro é de que o Japão autorize as primeiras importações da carne brasileira a partir da visita de Lula. No mês passado, o presidente disse que viajaria “com a perspectiva de abrir o Japão para comprar carne brasileira” e citou que, em 2005, em seu primeiro mandato, conseguiu negociar a exportação de frutas ao país, segundo maior parceiro comercial do Brasil na Ásia.

Parte dos frigoríficos australianos que exportam ao Japão pertence à gigante brasileira JBS e, no momento, há interesse japonês em diversificar as fontes de proteína animal por causa do aumento de preços da carne bovina norte-americana. O setor privado estima a demanda em 700 mil toneladas por ano e entende que consegue competir em preço com os produtos norte-americanos e australianos. O foco inicial não seriam os cortes premium, mas a chamada carne ingrediente, usada na indústria alimentícia. Outro potencial assunto é o avanço de negociações entre Mercosul e Japão para um acordo comercial. Já houve uma rodada inicial de conversas. Há alguns anos o bloco mantinha aproximação por meio de um “diálogo” recorrente entre autoridades dos dois lados, mas o formato se esgotou. Agora, falta a decisão política de dar início formal às negociações de um acordo. O Mercosul é favorável, mas há resistências no Japão, justamente para proteção do agronegócio local. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.