20/Mar/2025
O Ministério da Fazenda diminuiu a sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro este ano, de 2,5% para 2,3%. A estimativa para 2026 caiu de 2,6% para 2,5%. Apesar das reduções, as projeções estão sensivelmente acima das medianas do relatório Focus, que indicam alta de 1,99% para o PIB em 2025 e de 1,60% em 2026. Após a aceleração projetada para o primeiro trimestre na margem, o PIB tende a desacelerar, ficando próximo da estabilidade no segundo semestre de 2025. A desaceleração do crescimento frente a 2024 repercute a redução dos estímulos vindos dos mercados de crédito e trabalho em função do patamar mais contracionista da política monetária e o aumento das incertezas e da volatilidade devido ao acirramento das tensões comerciais e geopolíticas no mundo. O Ministério da Fazenda espera crescimento de 1,5% para o PIB no primeiro trimestre, na margem, após alta de 0,2% no quarto trimestre.
A aceleração deve ser puxada pelo PIB agropecuário, com crescimento de 12,8%, após queda de 4,5% no trimestre anterior. Esse forte avanço do PIB agropecuário repercute a expectativa de maior produção de soja, milho e arroz em 2025, grãos colhidos, em grande parcela, no primeiro trimestre. A previsão é de aceleração também dos serviços (0,2% para 0,3%), puxada pelo reajuste do salário-mínimo e por atividades ligadas à agropecuária, e desaceleração no PIB da indústria (0,2% para -0,2%), associada a uma queda da indústria de transformação. Apesar da aceleração na margem, o crescimento do PIB deve arrefecer na comparação interanual, de 3,6% no quarto trimestre para 3,0%. Nas aberturas pelo lado da oferta, a previsão é de recuperação do agro (-1,5% para 11,0%) e desaceleração na indústria (2,5% para 2,2%) e serviços (3,4% para 2,1%). No acumulado do ano, a estimativa é de alta de 6% do PIB agropecuário, de 2,2% no PIB da indústria e de 1,9% nos serviços.
O Ministério da Fazenda aumentou a sua projeção para o IPCA de 2025 para 4,9%, acima do teto da meta, de 4,5%. A projeção era de 3,6% em novembro, e de 4,8% no documento "2024 em retrospectiva e o que esperar de 2025", publicado em fevereiro. Frente às variações acumuladas em 12 meses até fevereiro, a expectativa até o final do ano é de desaceleração nos preços monitorados e de alimentos, de estabilidade na inflação de serviços e de aceleração nos preços de bens industriais. As medidas para conter o avanço nos preços de alimentos podem contribuir para melhorar esse cenário, assim como a manutenção do câmbio em patamar mais próximo de R$ 5,80. A isenção de ICMS sobre a cesta básica teria impacto negativo de 0,46% no IPCA de 2025, se adotada por todos os Estados. O impacto apenas na inflação de alimentos poderia atingir 2,91%.
O governo federal zerou este mês os tributos sobre a cesta básica, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu que os governadores façam o mesmo. A isenção do ICMS em produtos da cesta básica pode impactar a inflação de alimentos ainda em 2025 se efetivamente implementada pelos governadores. Já está prevista alíquota zerada para esses produtos a partir de 2027, com a reforma tributária. Zerar o ICMS agora permitiria antecipar a redução nos preços de alimentos, beneficiando consumidores. Trata-se de antecipar a eliminação de imposto de caráter regressivo, incidente em maior proporção da renda dos mais pobres. A remoção das tarifas de importação sobre alguns alimentos, anunciada pelo governo neste mês, deve ajudar a diminuir a inflação de alimentos, embora o efeito seja mais incerto.
As medidas propostas têm como objetivo mitigar pressões nos preços de alimentos, retirando barreiras de natureza tarifária e regulatória, que oneram a inflação de vários produtos. Como consequência, tendem a estimular importações e melhorar a circulação de alimentos no Brasil, levando a aumento da concorrência e a menores pressões nos preços de alimentos. A projeção para o IPCA de 2026 é de 3,4% para 3,5%, devido principalmente a efeitos inerciais. De 2027 em diante, projeta-se IPCA próximo ao centro da meta de inflação (de 3%). As projeções para o INPC de 2025 foram atualizadas para 4,8%, ante 3,4% anteriormente. A previsão para 2026 passou de 3,3% para 3,4%. A projeção para o IGP-DI subiu de 4,9% para 5,8% este ano, e atingiu 4,4% em 2026. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.