20/Mar/2025
Os números da economia referentes a 2024 anunciados na semana passada mostraram uma realidade esperada: enquanto o PIB nacional cresceu 3,4%, o da agropecuária caiu 3,2%. Como se explica isso? São várias as razões. A safra de grãos foi afetada pelo El Niño, com quebras severas em diversas regiões do País. Além disso, a brutal inundação no Rio Grande do Sul teve impactos negativos em diversas atividades agrícolas e pecuárias. E, por último, os preços agrícolas caíram em virtude da maior oferta mundial. Ora, está evidente que produção pequena com preços baixos significam queda de renda. Isso explica o PIB do agro. Adicionalmente, o consumo das famílias cresceu 4,8%, basicamente como resultado da política fiscal expansionista do governo federal.
As importações de peças e componentes aumentaram 14,7%, em parte, complementando a demanda do mercado interno que a indústria nacional não conseguiu atender, houve expansão do PIB da indústria de transformação (3,8%), mas em um ritmo inferior ao consumo das famílias. O crescimento dos serviços foi de 3,7%, e estes fatos somados explicam a equação referida no primeiro parágrafo acima. E tem mais: a inflação foi de 4,8%, enquanto os alimentos aumentaram 8,2%, dado o crescimento da demanda e a oferta reduzida. Fica a pergunta: estes fatores se manterão em 2025? Provavelmente não: a safra de grãos deve ser muito grande, talvez recorde: de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), será superior a 320 milhões de toneladas.
Os preços devem cair, puxando para baixo as proteínas animais. Em contrapartida, é provável que as importações da indústria diminuam, bem como o consumo das famílias e os serviços. Portanto, tudo indica que o agronegócio e a agropecuária voltarão a sustentar o crescimento do PIB nacional. É claro que isso dependerá ainda do tamanho da safra de inverno, ainda em andamento, e do volume e custo do crédito para o Plano de Safra, a ser anunciado somente em maio. Em condições normais de clima, a inflação, que foi de 4,9% em 2024, pode chegar a 5,7% este ano, segundo a Focus, mesmo com a grande oferta do campo com a safra que está sendo colhida. Vamos aguardar. Fonte: Roberto Rodrigues. Broadcast Agro.