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03/Apr/2025

Países árabes aceleram investimentos no Brasil

Os países árabes do Golfo investem bilhões ao redor do mundo, especialmente por meio de seus fundos soberanos, irrigados pelos lucros da indústria petrolífera. Eles aplicam em diferentes atividades e locais. Estas instituições são a ponta de lança de ambiciosos planos de desenvolvimento dos governos da região, como o Visão 2023, da Arábia Saudita, que mira a abertura e a diversificação da economia do país. Os fundos do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC), grupo formado por Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Omã, estão entre os maiores do mundo. Estas e outras instituições da região estão presentes como investidoras também no Brasil, e cada vez com mais força. Segundo levantamento do Sovereign Wealth Fund Institute (SWFI), organização que mapeia os investimentos globais de fundos soberanos, o estoque de investimentos dos fundos do GCC no País supera US$ 14 bilhões, pelo menos. O número é até maior, pois há operações cujos valores não foram divulgados.

A pesquisa traz dados desde os anos 2000, mas os negócios se intensificaram nos últimos quinze anos, desde que a Qatar Holding comprou por US$ 2,7 bilhões uma participação no Santander Brasil, em 2010. Dois anos depois, a Mubadala, de Abu Dhabi, chegou ao País investindo US$ 2 bilhões nos negócios do empresário brasileiro Eike Batista. Mais recentemente, porém, a Arábia Saudita entrou com maior força no jogo. As negociações e anúncios de investimentos, que eram esporádicos, passaram a ser bem mais frequentes em anos recentes, com um pico de mais de US$ 3 bilhões em 2023. Nesta época, foi anunciada a compra de 10% da divisão de metais básicos da mineradora pela Manara Minerals por US$ 2,6 bilhões. A Manara é um joint venture entre a mineradora saudita Ma'aden e o Public Investment Fund (PIF), o fundo soberano da Arábia Saudita. No mesmo ano, a Salic, braço do PIF para o setor de alimentos, comprou uma fatia da BRF por US$ 340 milhões, hoje em 11,03%.

A Salic tem também participação de 30,55% no frigorífico Minerva, sendo a maior acionista individual da empresa. Ainda em 2023, a Mubadala investiu ou ampliou participação em empresas como a Atvos, de biocombustíveis, Zamp, que controla no Brasil as redes Starbucks, Burger King, Subway e Popeye's, e ATG, que está por trás do projeto de uma nova bolsa de valores no Rio de Janeiro. A Mubadala é o veículo de investimento da região mais ativo no Brasil. Após a derrocada do grupo EBX, de Eike Batista, a instituição ficou com parte dos negócios do conglomerado, se estabeleceu no Brasil e passou a investir em diversos setores, como educação, alimentação, esportes, academias, biocombustíveis, refino de petróleo, transporte público, geração de energia, futebol e outros. Segundo a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil), a relevância dos investimentos árabes vem crescendo.

Os fundos buscam oportunidades em setores que o Brasil é forte e, ao mesmo tempo, são prioritários para seus países, como alimentos, infraestrutura, mineração e energia renovável. Segundo o escritório de advocacia Demarest, há um interesse muito grande dos sauditas no Brasil. Os "cheques", porém, são altos, acima de US$ 250 milhões. É difícil achar ativos neste valor para participação minoritária. Nesse sentido, instituições brasileiras dos mercados financeiro e de capital têm ido à região para tentar captar recursos, como BTG Pactual e Patria. O Patria já captou, por exemplo, recursos do PIF para investimentos no Brasil. No ano passado, a gestora EB Capital e o Patria assinaram memorandos de entendimento com o ministério de Investimentos da Arábia Saudita, e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) firmou um acordo semelhante com o Saudi Exim Bank. O Patria afirmou que o objetivo era explorar oportunidades de investimentos mutuamente benéficas.

O BNDES informou que futuras parcerias entre as duas instituições estão sendo discutidas com o objetivo de atrair novos investimentos para o Brasil. O fortalecimento das relações diplomáticas entre e o Brasil e estes países também dá impulso aos negócios. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e vários de seus ministros viajaram à região com delegações empresariais, assim como autoridades árabes visitaram o Brasil recentemente. A Conferência das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas (COP28) em Dubai, o G20 no Brasil, com participação de Arábia Saudita e Emirados, e a adesão dos dois países ao grupo Brics também são catalizadores. Ao aderir ao Brics, o governo dos Emirados identificou que o país tinha mais negócios com outros integrantes do bloco, então há a orientação de fortalecer o comércio e os investimentos com o Brasil. No Brasil, o governo impõe o ritmo e o setor privado tem que acompanhar. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.