03/Apr/2025
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (02/04) que irá impor uma tarifa de 10% para as importações brasileiras, a alíquota mínima sobre as importações. A medida começou a valer a partir de sábado (05/04). Na ocasião, Trump mostrou uma espécie de tabela com todos os países que estão na mira das tarifas norte-americanas. Entre as taxações, o presidente anunciou uma tarifa de 34% para as importações da China, de 20% para as importações da União Europeia, de 46% contra o Vietnã e de 49% para o Camboja. Trump ainda anunciou taxação de 25% em todos os carros produzidos fora dos Estados Unidos. Durante o anúncio das tarifas recíprocas sobre importações aos Estados Unidos, o presidente Donald Trump, justificou a imposição de sobretaxas, em especial ao México e ao Canadá, afirmando que "não podemos pagar os déficits" de ambos os países. Anteriormente, Trump já havia dito que as tarifas cobradas pelos vizinhos norte-americanos a produtos importados dos Estados Unidos ajudavam as nações a pagarem suas dívidas internas.
"Os países tiraram muita riqueza dos Estados Unidos", pontuou o republicano. "Hoje estamos priorizando os trabalhadores e colocando os Estados Unidos em primeiro lugar. Os outros países podem nos tratar mal. Vamos calcular o total (desse tratamento) nas tarifas", declarou. O presidente dos Estados Unidos ainda criticou o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), afirmando que o país "perdeu muito dinheiro" com o acordo. Ele voltou a repetir o discurso de sua campanha eleitoral e afirmou que o Nafta foi um dos responsáveis pela perda de quase 4 milhões de empregos nos Estados Unidos. Donald Trump anunciou a fixação de uma alíquota mínima de 10% sobre importações de todos os países. No entanto, nações que aplicam tarifas consideradas "elevadas" contra produtos norte-americanos enfrentarão taxas ainda maiores. Produtos provenientes da Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Chile, Colômbia, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Irã, Panamá, Paraguai, Reino Unido, Turquia, Ucrânia e Uruguai receberão a tarifa mínima de 10%.
As tarifas recíprocas para a China serão de 34%, enquanto os produtos da União Europeia serão taxados em 20%. Para o Japão, Coreia do Sul e Índia, as sobretaxas serão de 24%, 25% e 26%, respectivamente. Importações da Suíça terão uma tarifa de 31%, enquanto os produtos da Venezuela serão taxados em 15%. A tabela de tarifas não menciona sobretaxas para Canadá e México. Num primeiro impacto após o anúncio das novas tarifas de importação dos Estados Unidos, a taxa de 10% referente ao Brasil é menor do que as expectativas iniciais do governo. Há a avaliação inicial de que isso pode ter sido fruto da força diplomática de negociação do País, que foi até os Estados Unidos para negociar nas últimas semanas, além das equipes técnicas que vêm se debruçando sobre as contas comerciais entre os dois países. Há muitas dúvidas que ainda precisam ser esclarecidas. Em primeiro lugar, é necessário entender se as taxas serão as efetivas, se são taxas médias ou patamares mínimos que passariam a ser aplicados a partir de sábado (05/04).
De qualquer forma, num ponto de vista relativo, a taxa ao Brasil é bem menor do que a apresentada à China, União Europeia, Japão e outros países com economias menores da Ásia, como Camboja. Dentro de um contexto global, a nova taxa brasileira soa como amena. Mas, é preciso aguardar ainda mais detalhes sobre todo o processo. Além disso, há a expectativa de que possa haver novas rodadas de reuniões depois do anúncio, não só pelo processo natural de barganha, mas também com base na composição dos números apresentados por Donald Trump. Na maioria dos casos, o presidente norte-americano indicava que determinado país tinha uma tarifa X contra os Estados Unidos, mas a reciprocidade norte-americana sempre ficou abaixo desse nível. Pelo entendimento inicial, os Estados Unidos usaram em seus cálculos não apenas tarifas aplicadas pelas nações, mas consideraram também barreiras tarifárias. Se for confirmada essa hipótese, há a expectativa de que o Brasil consiga voltar à mesa de negociação. Segundo o Banco Inter, o Real deve sofrer pouco com o choque tarifário anunciado pelos Estados Unidos. O Brasil está no piso da tarifa, de 10%, e isso faz com que o impacto sobre a balança comercial seja pequeno.
Há chance até de o Brasil ganhar participação de mercado em suas exportações. O efeito líquido das tarifas pode ser positivo, especialmente se houver retaliação por parte da China e da Europa. O Brasil tende a ganhar market share de suas exportações, à medida que essas regiões direcionem suas demandas para outro lugar, particularmente o agro, que sofre grande competição com o agro norte-americano. Porém, a moeda brasileira está vulnerável ao que ocorrerá globalmente com o dólar. E a divisa dos Estados Unidos, por sua vez, responderá à forma como a atividade econômica norte-americana vai se comportar ao tarifaço. Se a economia norte-americana absorver bem o choque, com baixo impacto na atividade e na inflação, a tendência é o dólar se apreciar de maneira global. Por outro lado, se o impacto das tarifas for extenso, criando incertezas e desaceleração da economia, ao passo que os Estados Unidos se isolem do resto do mundo, a tendência é observar a continuidade do movimento de depreciação do dólar. A reação do mercado até o momento sugere que as tarifas colocarão a economia norte-americana em direção à recessão. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.