07/Apr/2025
Porta voz da União Europeia afirmou na sexta-feira (04/04) que fechar um acordo comercial com o bloco Mercosul seria uma “grande oportunidade” para a União Europeia. A afirmação foi feita em meio as incertezas provocadas pela decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de adotar uma nova rodada de tarifas. “Vamos investir muito tempo e energia com os Estados membros para finalizar o acordo”, acrescentou. Apesar das reservas anteriores, a França realizou na quinta-feira (03/04) uma reunião com 10 países da União Europeia para discutir um possível acordo comercial com o Mercosul, sinalizando disposição de diversificar as parcerias comerciais.
A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) avalia que a implementação das sobretaxas pelos Estados Unidos para produtos de várias origens pode acelerar a conclusão do acordo entre Mercosul e União Europeia (UE). A União Europeia é o terceiro maior mercado para o País, o que abre muitas possibilidades. Houve declarações de líderes europeus de que o tarifaço de Donald Trump pode acelerar a ratificação do acordo, em meio à imposição de sobretaxa pelos Estados Unidos de 20% sobre produtos europeus. O acordo Mercosul-UE cria o maior bloco do mundo e líderes europeus consideram acelerar a implementação. A leitura é compartilhada internamente no governo. Fontes do Executivo que acompanham o cenário internacional afirmam que o ‘Liberation Day’ pode ter sido o segundo empurrão para um ponto final no acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia.
Esta análise ganhou ainda mais força agora que os caminhos do comércio internacional sofreram uma nova ruptura. Mas, antes das oportunidades, haverá muitas dificuldades diante do estabelecimento de uma nova era comercial. De toda forma, a ApexBrasil espera uma solução em relação às tarifas dos Estados Unidos. A medida afeta o mundo e pode haver reação de países que foram taxados com tarifas maiores. Não tem muito o que ser feito a não ser aguardar, especialmente no caso brasileiro. Foi ressaltada a importância de um entendimento com os Estados Unidos e a separação de negócios e política. O Brasil lamenta o que está ocorrendo, mas fez o dever de casa para situações como essas. A expectativa é de que os Estados Unidos revejam ao menos parte das medidas, por elas serem inexequíveis. Sobre produtos brasileiros, os Estados Unidos irão adotar uma sobretaxa de 10% a partir de 5 de abril. O café é o principal produto exportado do Brasil para os Estados Unidos e está sujeito às tarifas.
O maior produtor mundial de café é o Brasil. O segundo é o Vietnã, taxado com alíquota mais alta (46%). A posição do presidente Lula e do Itamaraty é de manter cautela em relação ao pacote de Donald Trump. O governo Lula tem sido muito cauteloso desde o começo. A aprovação do projeto de lei da reciprocidade pelo Congresso Nacional já dá um sinal para os Estados Unidos de que o País tem alternativas para uma eventual resposta. Foi mencionado o fato de que frigoríficos brasileiros têm diversas fábricas instaladas nos Estados Unidos. A tarifação é paga pelos importadores, o que tende a aumentar o custo interno dos produtos nos Estados Unidos. A Apex vai trabalhar em sintonia com o governo para verificar os efeitos das tarifas nos produtos e empresas brasileiras. Se o tarifaço de fato for implementado, haverá "muito trabalho", inclusive para fazer crescer a presença do País no comércio internacional. Fontes: Reuters e Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.